Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Tarly, quando eu era um rapaz com metade da sua idade, a senhora minha mãe disse-me que, se andasse por aí de boca aberta, era provável que uma doninha a confundisse com a sua toca e descesse pela minha garganta. Se tem alguma coisa a dizer, diga. Caso contrário, cuidado com as doninhas – o velho fez um brusco gesto de dispensa. – Fora daqui, estou ocupado demais para tolices. Sem dúvida o meistre terá algum trabalho para você.

Sam engoliu em seco, deu um passo para trás e saiu correndo, tão depressa que quase tropeçou nas esteiras.

– Aquele rapaz é tão pateta quanto parece? – o Senhor Comandante perguntou depois de ele sair. “Pateta”, lamentou-se o corvo. Mormont não esperou a resposta de Jon. – O senhor pai dele tem uma posição elevada nos conselhos do Rei Renly, e eu estava pensando em enviá-lo… Não, é melhor não. É pouco provável que Renly escute um rapaz gordo e trêmulo. Mandarei Sor Arnell. É um tanto mais firme, e a mãe dele era uma das Fossoway da maçã verde.

– Se for do seu desejo me responder, o que quer do Rei Renly?

– O mesmo que quero de todos eles, moço. Homens, cavalos, espadas, armaduras, cereais, queijo, vinho, lã, cotas de malha… a Patrulha da Noite não é orgulhosa, aceitamos aquilo que nos é oferecido – os dedos tamborilaram nas pranchas mal cortadas da mesa. – Se os ventos tiverem ajudado, Sor Alliser deverá chegar a Porto Real na virada da lua, mas não sei se o jovem Joffrey prestará atenção nele. A Casa Lannister nunca foi amiga da Patrulha.

– Thorne tem a mão da criatura para lhes mostrar.

Era uma coisa horrível e branca, com dedos negros, que se agitava e torcia no frasco como se ainda estivesse viva.

– Seria bom que tivéssemos outra mão para enviar a Renly.

– Dywen diz que é possível encontrar qualquer coisa para lá da Muralha.

– Sim, Dywen diz. E da última vez que saiu em patrulha, disse que viu um urso com quatro metros e meio de altura – Mormont fungou. – Dizem que minha irmã tomou um urso como amante. Antes acredito nisso, do que num urso com quatro metros de altura. Se bem que num mundo onde os mortos andam… Ah... Mesmo assim, um homem tem de acreditar nos seus olhos. Vi o morto andando. Não vi nenhum urso gigante – dirigiu a Jon um longo olhar perscrutador. – Mas estávamos falando de mãos. Como está a sua?

– Melhor – Jon tirou a luva de pele de toupeira e a mostrou. O braço estava coberto de cicatrizes, desde a mão até metade do antebraço, e ainda sentia a salpicada pele cor-de-rosa esticada e sensível, mas estava sarando. – Mas ainda dá comichão. Meistre Aemon diz que isso é bom. Deu-me um unguento para levar comigo quando partirmos.

– Consegue manejar a Garralonga apesar da dor?

– Suficientemente bem – Jon flexionou os dedos, abrindo e fechando o pulso, como o meistre tinha lhe ensinado. – Tenho de trabalhar os dedos todos os dias para mantê-los flexíveis, como Meistre Aemon recomendou.

– Aemon pode ser cego, mas sabe do seu ofício. Rezo para que os deuses nos permitam conservá-lo por mais vinte anos. Você sabe que podia ter sido rei?

Jon foi pego de surpresa.

– Ele contou-me que o pai foi rei, mas não… Julguei que talvez fosse um filho mais novo.

– E era. O pai do pai era Daeron Targaryen, o Segundo do Seu Nome, que incorporou Dorne no reino. Parte do pacto determinava que casasse com uma princesa de Dorne. Ela deu-lhe quatro filhos. O pai de Aemon, Maekar, era o mais novo desses quatro, e Aemon foi o terceiro filho dele. Note que tudo isso aconteceu muito antes de eu ter nascido, por mais antigo que o Smallwood pense que eu seja.

– Meistre Aemon recebeu o nome em honra do Cavaleiro do Dragão.

– É verdade. Há quem diga que o Príncipe Aemon, e não Aegon, o Indigno, foi o verdadeiro pai do Rei Daeron. Seja como for, ao nosso Aemon faltava o temperamento marcial do Cavaleiro do Dragão. Gosta de dizer que possuía uma espada lenta, mas uma inteligência rápida. Não à toa o avô o enviou para a Cidadela. Tinha nove ou dez anos, creio… e também era o nono ou décimo na linha de sucessão.

Jon sabia que Meistre Aemon contava mais de uma centena de dias do seu nome. Frágil, mirrado, murcho e cego, era difícil imaginá-lo como um garotinho da idade de Arya.

Mormont continuou:

– Aemon estava às voltas com seus livros quando o mais velho dos seus tios, herdeiro da coroa, foi morto num acidente de torneio. Deixou dois filhos, mas seguiram-no para a sepultura não muito tempo depois, durante a Grande Peste da Primavera. O Rei Daeron também foi levado, e por isso a coroa passou para o segundo filho de Daeron, Aerys.

– O Rei Louco? – Jon estava confuso. Aerys tinha sido rei antes de Robert, e isso não há muito tempo atrás.

– Não, este foi Aerys Primeiro. O que Robert depôs foi o segundo desse nome.

– Há quanto tempo isso se passou?

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