Читаем Sherlock Holmes - Edicao completa полностью

O atentado deveria ocorrer na noite seguinte. Ao meio-dia, eu e meu marido estávamos a caminho de Londres, não sem antes avisar nosso benfeitor do perigo, e também deixando informações à polícia para proteger a vida dele no futuro.

O resto os senhores já sabem. Tínhamos certeza de que nossos inimigos ficariam atrás de nós como sombras. Gorgiano tinha motivos pessoais para a vingança, mas, de qualquer modo, sabíamos como ele poderia ser impiedoso, esperto e incansável. Tanto a Itália como a América estão repletas de histórias de seu terrível poder. Se ele tivesse de colocá-lo em ação, seria agora.

Meu marido deu um jeito de me arranjar um esconderijo nos poucos dias que tínhamos de vantagem na fuga, a fim de que eu não ficasse exposta a nenhum perigo. Ele, por sua vez, queria estar livre para entrar em contato tanto com a polícia italiana como a americana. Eu mesma não sei onde ele morava, nem como. Tudo o que sabia era através das páginas de um jornal. Uma vez, ao olhar pela janela, vi dois italianos vigiando a casa e soube que Gorgiano, de alguma forma, descobrira nosso esconderijo. Finalmente Gennaro me falou, pelo jornal, que enviaria sinais de uma determinada janela; mas quando esses sinais vieram, nada mais eram do que avisos de alerta, subitamente interrompidos. Agora está claro para mim que Gennaro sabia que Gorgiano estava por perto e, graças a Deus, meu marido estava preparado quando o outro chegou. E agora, senhores, eu lhes pergunto se temos algo a temer da lei, ou se algum juiz no mundo iria condenar meu marido pelo que ele fez.

– Bem, sr. Gregson – disse o americano encarando o policial –, eu não sei qual o ponto de vista da lei britânica a respeito disso, mas creio que em Nova York o marido desta senhora vai receber um voto de agradecimento geral.

– Ela terá de vir comigo e falar com o chefe – respondeu Gregson. – Se o que disse for comprovado, creio que ela e o marido não têm muito a temer. Mas o que não entendo, sr. Holmes, é como diabo o senhor entrou nesta história.

– Cultura, Gregson, cultura. Ainda procurando conhecimento na velha universidade. Bem, Watson, aí você tem mais um exemplo do trágico e do grotesco para acrescentar à sua coleção. A propósito, ainda não são oito horas, e esta noite tocam Wagner no Covent Garden! Se nós nos apressarmos, ainda poderemos pegar o segundo ato.


o caso dos planos do bruce-partington

Na terceira semana de novembro de 1895, Londres foi envolvida por um nevoeiro denso e escuro. De segunda a quinta-feira eu duvidei se seria possível, de nossa janela em Baker Street, ver a fachada das casas em frente. Holmes passou o primeiro dia catalogando seu volumoso livro de referências; no segundo e terceiro dias, ficou pacientemente ocupado com um assunto que se transformara recentemente no seu hobby – a música da Idade Média. Mas, no quarto dia, quando nós levantamos das cadeiras após o café-da-manhã e vimos a névoa pesada e insinuante ainda firme e se condensando em manchas oleosas nas vidraças, a natureza impaciente e ativa de meu amigo não agüentou mais essa monotonia. Ficou andando impaciente pela sala, numa energia febril contida, tamborilando com as unhas nos móveis, irritado com a falta de ação.

– Nada de interessante no jornal, Watson?

Eu sabia que, ao perguntar sobre algo interessante, Holmes se referia a algo de interesse criminal. Havia notícias de uma revolução, possivelmente guerra, e sobre uma iminente mudança de governo, mas estas coisas não estavam no horizonte do meu amigo. Não tinha visto nada que se enquadrasse na modalidade de crime que não fosse comum e fútil. Holmes grunhiu e recomeçou suas caminhadas infindáveis.

– O criminoso de Londres é, com certeza, um sujeito sem imaginação – disse, numa voz lamurienta como a de um esportista que perde o jogo. – Olhe pela janela, Watson. Veja como as pessoas aparecem indistintamente, mal são vistas e já desaparecem de novo na névoa. Um ladrão ou um assassino podia andar por Londres impunemente num dia assim, como um tigre na selva, invisível até o bote fatal na sua vítima.

– Houve alguns roubos insignificantes – eu disse.

Holmes fungou com desdém.

– Este palco imenso e sombrio está montado para algo melhor do que isso. É uma sorte para a comunidade que eu não seja um criminoso.

– Isso é verdade! – eu disse, convicto.

– Suponha que eu fosse Brooks ou Woodhouse, ou algum dos cinqüenta homens que têm bons motivos para me matar. Quanto tempo eu conseguiria sobreviver à minha própria perseguição? Um chamado, uma cilada, e tudo estaria terminado. É bom que não haja dias de neblina nos países latinos – países típicos de assassinatos. Por Deus, aí vem algo, finalmente, para quebrar nossa monotonia mortal.

Era a criada com um telegrama. Holmes o abriu e caiu na gargalhada.

– Ora, ora! Adivinhe só? Meu irmão Mycroft está vindo aí.

– E daí?

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