Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Talvez – ela disse relutante. – Mas as coisas que vi…

– Um homem morto na proa de um navio, uma rosa azul, um banquete de sangue… O que significam essas coisas, Khaleesi? Falou de um dragão de pantomimeiro. O que é um dragão de pantomimeiro, diga-me?

– Um dragão de pano montado em varas – Dany explicou. – Os pantomimeiros usam-nos em seus espetáculos, para dar aos heróis algo com que lutar.

Sor Jorah franziu a testa.

Dany não conseguia abandonar o assunto.

É sua a canção de gelo e fogo, disse meu irmão. Tenho certeza de que era meu irmão. Não Viserys, Rhaegar. Tinha uma harpa com cordas de prata.

O franzir de testa de Sor Jorah aprofundou-se tanto que as sobrancelhas se juntaram.

– O Príncipe Rhaegar tocava uma harpa assim – ele anuiu. – Viu-o?

Ela confirmou com a cabeça.

– Havia uma mulher numa cama, com um bebê no peito. Meu irmão disse que o bebê era o príncipe que havia sido profetizado e falou à mulher para chamá-lo Aegon.

– O Príncipe Aegon era herdeiro de Rhaegar, filho de Elia de Dorne – disse Sor Jorah. – Mas se era ele o príncipe da profecia, esta foi quebrada com o seu crânio, quando os Lannister atiraram sua cabeça contra uma parede.

– Eu me lembro – a voz dela soou triste. – Também assassinaram a filha de Rhaegar, a princesinha. Chamava-se Rhaenys, como a irmã de Aegon. Não havia uma Visenya, mas ele disse que o dragão tem três cabeças. O que é a canção de gelo e fogo?

– Não é nenhuma canção que eu tenha ouvido.

– Fui encontrar os magos esperando respostas, mas em vez disso deixaram-me com uma centena de novas perguntas.

Àquela altura já havia de novo pessoas nas ruas.

– Abram alas – gritava Aggo, enquanto Jhogo farejava o ar com uma expressão de suspeita.

– Estou sentindo o cheiro, Khaleesi – ele gritou. – A água venenosa – os dothrakis desconfiavam do mar e de tudo o que se movesse nele. Água que um cavalo não podia beber era água com que não queriam lidar. Aprenderão, sentenciou Dany. Enfrentei o mar deles com Khal Drogo. Agora eles podem enfrentar o meu.

Qarth era um dos grandes portos do mundo, com longos cais abrigados que eram uma profusão de cores, sons e estranhos cheiros. Tabernas, armazéns e antros de jogo alinhavam-se ao longo das ruas, ao lado de bordéis baratos e aos templos de deuses peculiares. Batedores de carteira, assassinos, vendedores de feitiços e cambistas misturavam-se em todas as multidões. A margem era um grande mercado, onde a compra e a venda prosseguiam de dia e de noite, e bens podiam ser obtidos por uma fração do que custariam na feira, se não se fizesse perguntas sobre sua origem. Velhos encarquilhados, encurvados como corcundas, vendiam águas aromatizadas e leite de cabra, armazenados em cântaros de cerâmica vidrada que traziam presos aos ombros. Marinheiros de meia centena de nações vagueavam por entre as bancas, bebendo licores temperados e trocando piadas em línguas de estranhas sonoridades. O ar cheirava a sal e a peixe frito, a alcatrão quente e a mel, a incenso, óleo e esperma.

Aggo deu a um moleque uma moeda de cobre por um espeto de ratos assados com mel, que foi mordiscando enquanto avançavam. Jhogo comprou uma porção de grandes cerejas brancas. Em outro local, viram belos punhais de bronze à venda, lulas secas e ônix esculpido, um potente elixir mágico feito de leite de virgem e de sombra da tarde, até ovos de dragão que se pareciam, de forma suspeita, com pedras pintadas.

Enquanto passavam pelos longos cais de pedra reservados aos navios dos Treze, Dany viu arcas de açafrão, olíbano e pimenta sendo descarregadas do ornamentado Beijo Cinábrio de Xaro. A seu lado, barris de vinho e fardos de folhamarga e de peles listradas eram rolados pela prancha acima até a Noiva de Blau, que devia zarpar na maré da noite. Mais à frente, reunira-se uma multidão em volta da galé da Guilda, Resplendor Solar, a fim de licitar escravos. Era bem sabido que o lugar mais econômico para comprar um escravo era logo à saída do navio, e as bandeiras que flutuavam em seus mastros proclamavam que o Resplendor Solar tinha acabado de chegar de Astapor, na Baía dos Escravos.

Dany não obteria ajuda dos Treze, da Irmandade Turmalina ou da Antiga Guilda das Especiarias. Avançou com a sua prata ao longo de várias milhas dos cais, docas e armazéns das três associações, até a ponta mais distante do porto em forma de ferradura, onde era permitida a ancoragem dos navios provenientes das Ilhas do Verão, Westeros e das Nove Cidades Livres.

Desmontou junto a uma arena de apostas, onde um basilisco fazia em pedaços um grande cão vermelho, no centro de um ruidoso anel de marinheiros.

– Aggo, Jhogo, guardem os cavalos enquanto Sor Jorah e eu falamos com os capitães.

– Às suas ordens, Khaleesi. Vamos vigiá-los daqui.

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