– Assim é, Vossa Graça – Arstan Barba Branca confirmou. – A grande coca
– Direi ao meu povo que se prepare para partir de imediato. Mas os navios que me levarem para casa têm de ostentar nomes diferentes.
– Como quiser – Arstan concordou. – Que nomes prefere?
– Vhagar – disse-lhe Daenerys. – Meraxes. E Balerion. Pinte os nomes nos cascos em letras douradas com um metro de altura, Arstan. Quero que todos os homens que os virem saibam que os dragões regressaram.
Arya
As cabeças tinham sido mergulhadas em alcatrão a fim de abrandar o apodrecimento. Todas as manhãs, quando Arya se dirigia ao poço para tirar água fresca para a bacia de Roose Bolton, tinha de passar por baixo delas. Estavam viradas para fora, por isso nunca via os rostos, mas gostava de fingir que uma delas pertencia a Joffrey. Tentava imaginar como sua cara bonita ficaria mergulhada em alcatrão.
Nunca faltava público para as cabeças. As gralhas pretas voavam em círculos por cima da guarita, em roufenha rudeza, e disputavam nas muralhas por cada olho, guinchando e crocitando umas às outras e levantando voo sempre que uma sentinela passava pelas ameias. Às vezes os corvos do meistre também juntavam-se ao festim, descendo da colônia em grandes asas negras. Quando os corvos chegavam, as gralhas afastavam-se, retornando no momento em que as aves maiores partiam.
Tothmure tinha sido sentenciado ao machado por enviar aves para Rochedo Casterly e Porto Real na noite em que Harrenhal caíra; o armeiro Lucan por fazer armas para os Lannister; a Governanta Harra por dizer ao pessoal da Senhora Whent para servi-los; o intendente por dar a Lorde Tywin as chaves do cofre do tesouro. O cozinheiro fora poupado (alguns diziam que por ter feito a sopa de doninha), mas tinham sido construídas armações para prender a bonita Pia e as outras mulheres que tinham partilhado os seus préstimos com soldados Lannister. Nuas e raspadas, foram deixadas no pátio intermediário ao lado da arena dos ursos, para o uso de qualquer homem que as quisesse.
Três homens de armas Frey estavam usando-as naquela manhã quando Arya se dirigiu ao poço. Tentou não olhar, mas conseguia ouvir os homens rindo. O balde era muito pesado depois de cheio. Estava se virando para levá-lo para a Pira do Rei quando a Governanta Amabel pegou em seu braço. A água derramou-se sobre as pernas de Amabel.
– Fez isso de propósito – a mulher guinchou.
– O que é que você quer? – Arya torceu-se, tentando se soltar. Amabel andava meio louca desde que tinham cortado a cabeça de Harra.
– Está vendo aquilo? – apontou para o outro lado do pátio, para Pia. – Quando este nortenho cair, você vai estar onde ela está.
– Largue-me – Arya tentou se libertar puxando, mas Amabel limitou-se a fechar melhor os dedos.
– Ele
Arya girou o balde. O peso da água fez com que se virasse em suas mãos, e não atingiu Amabel na cabeça como quis, mas a mulher a soltou mesmo assim quando a água a ensopou.
–
Encharcada, a Governanta Amabel balançou um dedo fino na direção do homem esfolado no peito da túnica de Arya.
– Acha que está segura com esse homenzinho sangrento em suas tetas, mas não está! Os Lannister vêm aí. Vai ver o que acontece quando chegarem aqui.
Três quartos da água tinham se derramado no chão, e Arya teve de voltar ao poço.
Uma vez, quando só estavam lá metade das cabeças, Gendry surpreendera Arya olhando para elas.
– Admirando o seu trabalho? – ele perguntara.