Читаем As cancoes da Terra distante полностью

— Então já é uma área de desastre ecológico, portanto o senhor é bem-vindo, comandante! Só pode melhorar as coisas.

— Eu lhes asseguro que a nossa usina será muito bonita e não causará o menor dano ao meio ambiente. E é claro que será desmontada quando nós partirmos. A menos que desejem ficar com ela.

— Obrigado, mas duvido que tiremos algum proveito de várias centenas de toneladas de gelo por dia. Enquanto isso, quais são as facilidades que Tarna pode lhes oferecer quanto a acomodações, provisões e transporte? Eu ficaria satisfeito se pudesse fazer algo por vocês. Presumo que vários de vocês descerão para trabalhar aqui, não é mesmo? — Provavelmente uns cem, e nós agradecemos sua oferta de hospitalidade. Mas temo que sejamos hóspedes terríveis: vamos ter conferências na nave durante todas as horas do dia e da noite. Assim, teremos que ficar juntos e logo que tenhamos constituído nossa pequena vila pré-fabricada, nos mudaremos para ela com todo o nosso equipamento. Sinto muito se pareço indelicado, mas qualquer outra solução simplesmente não seria prática.

— Acho que está com a razão — suspirou a prefeita. Ela estivera imaginando como poderia fugir do protocolo e oferecer a suíte para hóspedes ao espetacular comandante Lorenson, e não ao comandante Malina. O problema, que parecia insolúvel, agora nem se colocaria. Estava tão decepcionada que chegou a se sentir tentada a telefonar para a Ilha do Norte e convidar seu último marido oficial para voltar para umas férias. Mas o bandido iria rejeitá-la de novo, e ela simplesmente não seria capaz de suportar isso.

<p>14. MIRISSA</p>

Mesmo já muito velha, Mirissa Leônidas ainda podia se lembrar do momento exato em que vira Loren pela primeira vez. Não havia mais ninguém, nem mesmo Brant, que se lembrasse disso. Não fora exatamente uma novidade: já conhecera vários terráqueos antes de encontrar Loren, e não lhe tinham deixado nenhuma impressão extraordinária. A maioria passaria por lassanianos se fosse deixada alguns dias ao sol. Mas não Loren, sua pele nunca bronzeava, e aquele cabelo fantástico parecia se tornar ainda mais prateado. Fora certamente isto que tinha chamado a atenção dela em primeiro lugar, enquanto ele saía do escritório da prefeita Waldron com dois de seus colegas, todos trazendo aquela expressão levemente frustrada, resultado normal de mais um contato com a burocracia letárgica e bem arraigada de Tarna. Seus olhares haviam se encontrado, mas apenas por um momento. Mirissa deu mais alguns passos, depois, sem nenhum pensamento consciente, parou e olhou para trás, por cima dos ombros, e viu que o visitante a fixava com insistência. Ambos já sabiam então que suas vidas haviam sido irrevogavelmente modificadas. Mais tarde, naquela noite, depois de fazer amor com Brant, ela perguntou:

— Eles lhe disseram quanto tempo vão ficar?

— Você escolhe as piores horas — resmungou ele, sonolento.

— Pelo menos um ano. Talvez dois. Boa noite… mais uma vez.

Ela o conhecia o suficiente para não fazer mais perguntas, ainda que se sentisse completamente desperta. Por um longo tempo permaneceu deitada com os olhos abertos, vendo as sombras rápidas da lua interior deslizarem sobre o piso, enquanto o corpo saciado ao lado dela mergulhava suavemente no sono. Ela conhecera muitos homens antes de Brant, mas desde que estavam juntos sentia-se totalmente indiferente aos outros. Então por que este súbito interesse (e ela ainda fingia que não passava disso) por um homem que tinha apenas vislumbrado e cujo nome nem mesmo sabia (embora esta fosse certamente uma das primeiras coisas a descobrir amanhã)? Mirissa orgulhava-se de ser uma pessoa honesta e perspicaz. Desprezava os homens e as mulheres que se deixavam governar por suas emoções. Parte da atração, tinha certeza, era o elemento de novidade, o glamour de novos e vastos horizontes. Ser capaz de falar com alguém que havia realmente caminhado pelas cidades da Terra, que testemunhara as últimas horas do Sistema Solar e estava agora a caminho de novos sóis. Isto era uma maravilha além da imaginação que a tornava consciente de sua profunda insatisfação com o ritmo plácido da vida thalassiana, a despeito de sua felicidade com Brant. Ou seria meramente satisfação e não felicidade? O que é que realmente queria? Se poderia encontrar o que procurava com esses estrangeiros das estrelas ainda não sabia, mas estava resolvida a tentar antes que eles deixassem Thalassa para sempre. Naquela mesma manhã, Brant também havia visitado a prefeita Waldron, que o recebera com um calor um pouco menor que o habitual, depois que colocou os restos de sua armadilha de peixes sobre a escrivaninha dela.

— Sei que está ocupada com questões mais importantes — disse ele.

— Mas o que me diz disto! A prefeita olhou sem qualquer entusiasmo para o emaranhado de cabos. Era difícil focalizar a atenção na rotina do dia-a-dia depois de toda a vertiginosa excitação da política interestelar…

— O que você pensa que aconteceu? — perguntou ela.

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