Gornt levantou os olhos da carta.
— Não aceite.
— Foi exatamente o que o Sr. Skye me disse. — Um pouco da fúria de Angelique se dissipou. Sentava na cadeira alta, rígida, o rosto firme, Gornt à sua frente, no
— Não, seria um erro. Estou querendo dizer que não deve lutar, seria a pior coisa que poderia fazer. Chegue a um acordo.
Ela se tornou pálida de novo, mais do que furiosa.
— Acha que devo aceitar... essa sordidez?
— Estou apenas dizendo que pode chegar a um acordo, no momento oportuno — respondeu Gornt, a mente funcionando com perfeição, lógica, embora sentisse um aperto no peito e na garganta. — Tenho certeza de que pode melhorar as condições.
— Melhorar as condições? Quer dizer que aceita isso, em princípio? Aceita isso? Pensei que era um lutador, além de meu amigo, mas concorda em deixar que ela me arraste de cara na lama?
— Sei que ela disse que as condições são inegociáveis, mas não acredito nisso. Posso melhorar. A primeira oferta, dois ou três mil guinéus, já a deixa numa boa situação; com cinco mil já seria rica.
— Isso não compensa o comportamento infame daquela mulher, suas ameaças insidiosas, a constante hostilidade! Sou casada legalmente! Legalmente! — Angelique bateu com o pé no chão. — Não ser mais a Sra. Struan? Nunca mais pôr os pés em Hong Kong, ser tratada dessa maneira? Como ela ousa? Parece até que sou... que sou uma criminosa!
— Concordo. Posso renegociar, em seu nome.
— Jesus! Quero que ela seja humilhada, destruída!
— Eu também, mas este não é o momento.
— O quê?
— O grande Dirk Struan maltratou a família de minha mãe, os Tillmans, não tanto quanto Morgan, mas o que ele fez foi uma indignidade. — O sorriso de Gornt era cruel. — Se eu posso destruir os Brocks, por que não os Struans? É tudo a mesma coisa para mim. A vingança é uma refeição que podemos comer juntos, lentamente, pouco a pouco.
— Podemos? — Angelique experimentou um súbito calor no ventre; ele parecia muito bonito, forte e confiante. — Como?
— Primeiro, o que Skye disse?
— Disse que eu deveria lutar e me mostrou as petições que preparou para apresentar em Hong Kong, Londres e Paris...
— Paris? Por que Paris?
Angelique explicou a posição de “tutelada do Estado”.
— Ele diz que em Paris, com a proteção da França como um fato, podemos vencer, o casamento será declarado legal de acordo com a lei francesa e, depois, poderei fazer um acordo pelo meu critério, não o dela.
— Ele mencionou os honorários, Angelique?
Ela corou.