Por fim, rolou de lado e deixou-se cair de costas, sem fôlego e exausto. Bolas de chamas verdes e cor de laranja crepitaram por cima de sua cabeça, deixando traços entre as estrelas. Teve um momento para pensar em como aquilo era bonito, até que Sor Mandon bloqueou sua vista. O cavaleiro era uma sombra de aço branco, com um brilho escuro nos olhos dentro do elmo. Tyrion não tinha mais forças do que uma boneca de pano. Sor Mandon encostou a ponta da espada à sua garganta e fechou ambas as mãos em torno da espada.
E, de repente, guinou para a esquerda, caindo sobre a amurada. A madeira quebrou-se, e Sor Mandon Moore desapareceu com um grito e uma pancada na água. Um instante depois, os cascos voltaram a colidir, com tanta força que o convés pareceu saltar. E então alguém estava de joelhos por cima dele.
– Jaime? – coaxou, quase sufocado pelo sangue que enchia sua boca. Quem, além do irmão, o salvaria?
– Fique quieto senhor, está muito ferido –
Sansa
Quando Sor Lancel Lannister disse à rainha que a batalha estava perdida, ela virou a taça de vinho vazia que tinha nas mãos e disse:
– Vá dizer isso ao meu irmão, sor – sua voz soava distante, como se a notícia não lhe interessasse grandemente.
– Seu irmão provavelmente está morto – a capa de Sor Lancel estava empapada com o sangue que fluía por baixo de seu braço. Quando entrou no salão, sua visão levou alguns dos convidados a gritar. – Achamos que ele estava na ponte de barcos quando ela se desfez. Também é provável que Sor Mandon tenha perecido, e ninguém consegue encontrar Cão de Caça. Malditos sejam os deuses, Cersei,
Osney Kettleblack aproximou-se, empurrando-o.
– Batalha-se agora nas duas margens do rio, Vossa Graça. Pode ser que alguns dos senhores de Stannis estejam lutando uns contra os outros, ninguém tem certeza, há uma grande confusão lá fora. Cão de Caça sumiu, ninguém sabe para onde foi, e Sor Balon se retirou para o interior da cidade. A margem do rio é deles. Estão outra vez usando o aríete contra o Portão do Rei, e Sor Lancel tem razão, seus homens estão desertando das muralhas e matando seus próprios oficiais. Há uma multidão junto ao Portão de Ferro e ao Portão dos Deuses, lutando para sair, e a Baixada das Pulgas é um grande tumulto de bêbados.
Estranhamente calma, a rainha virou-se para o irmão de Osney, Osfryd.
– Ice a ponte levadiça e tranque as portas. Ninguém entra ou sai de Maegor sem a minha autorização.
– E as mulheres que saíram para rezar?
– Elas escolheram abandonar minha proteção. Que rezem, talvez os deuses as defendam. Onde está meu filho?
– Na guarita do castelo. Quis comandar os besteiros. Há uma multidão aos gritos lá fora, metade composta por homens de manto dourado que vieram com ele quando abandonamos o Portão da Lama.
– Traga-o para dentro de Maegor.
–
– Ele é meu filho – Cersei Lannister ficou de pé. – Diz ser também um Lannister, primo, então, mostre-o. Osfryd, por que está aqui?
Osfryd Kettleblack saiu correndo do salão, e o irmão foi com ele. Muitos dos convidados também deixaram o lugar às pressas. Algumas das mulheres choravam, outras rezavam. Outras limitaram-se a permanecer sentadas à mesa, e pediram mais vinho.
– Cersei – Sor Lancel suplicou –, se perdermos o castelo, Joffrey será morto mesmo assim, sabe disso. Deixe-o ficar, eu o mantenho junto a mim, juro…
– Saia da minha frente – Cersei atirou a palma da mão aberta contra a ferida do primo. Sor Lancel gritou de dor, e quase desmaiou no momento em que a rainha saiu apressadamente da sala. A Sansa, não deu sequer um rápido olhar.
– Oh, deuses – lamuriou-se uma velha. – Estamos perdidos, a batalha está perdida, ela fugiu.