Читаем A Mão do Diabo полностью

Comunicação, Difusão Cultural, 1992; Prefácio, 2001.

Crónicas de Guerra I — Da Crimeia a Dachau, Gradiva, 2001.

Crónicas de Guerra II — De Saigão a Bagdade, Gradiva, 2002.

A Verdade da Guerra, Gradiva, 2002; Círculo de Leitores, 2003.

Conversas de Escritores — Diálogos com os Grandes Autores da Literatura Contemporânea, Gradiva/RTP, 2010.

A Última Entrevista de José Saramago, Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2010; Gradiva, Lisboa, 2011.

Novas Conversas de Escritores — Diálogos com os Grandes Autores da Literatura Contemporânea II, Gradiva/RTP, 2012.

FICÇÃO

A Ilha das Trevas, Temas & Debates, 2002; Gradiva, 2007.

A Filha do Capitão, Gradiva, 2004.

O Codex 632, Gradiva, 2005.

A Fórmula de Deus, Gradiva, 2006.

O Sétimo Selo, Gradiva, 2007.

A Vida Num Sopro, Gradiva, 2008.

Fúria Divina, Gradiva, 2009.

O Anjo Branco, Gradiva, 2010.

O Último Segredo, Gradiva, 201 I .

A Mão do Diabo, Gradiva, 2012.

2

A MÃO

DO

D I A B O

r o m a n c e

3

Nós somos o nosso próprio

diabo e fazemos deste

mundo o nosso inferno.

Oscar Wilde

4

Às minhas três diabinhas,

Florbela, Catarina e Inês

5

T o d a a i n f o r m a ç ã o

histórica, financeira e económica

incluída neste romance

é verdadeira.

6

Prólogo

As palmeiras pareciam sentinelas irrequietas ao longo da faixa verde que separava os dois sentidos da marginal, as folhas balouçando animadamente ao vento como se dançassem ao ritmo alegre da cidade no bulício da estação do veraneio. O Sol deitava-se no enfiamento da costa e as lâmpadas brilhavam já nos candeeiros de época que bordejavam a serpenteante Promenade des Anglais, iluminando Nice com o brilho resplandecente de uma tiara de diamantes, os reflexos a cintilarem nas águas inquietas do Mediterrâneo como chamas bamboleantes.

Os turistas iam abandonando em grupos a praia de Neptuno, onde em vez da areia se estendia um tapete de seixos acinzentados sobre os quais se plantavam toldos azuis e se alongavam ainda os banhistas mais teimosos. As pessoas enchiam os passeios no caminho de regresso aos hotéis e aos apartamentos, as conversas descontraídas e as gargalhadas a cruzarem-se pelo ar.

7

O olhar inquieto do homem louro contrastava com o clima distendido do estio na grande cidade da Côte d'Azur. O homem atirou uma mirada preocupada para trás e estugou o passo ao ponto de quase começar a correr ao longo do passeio largo entre a praia e a marginal, ziguezagueando entre os turistas que se lhe atravessavam pelo caminho. Fez-se à estrada num ímpeto e esteve à beira de ser atropelado por um Mercedes negro num sentido e depois por um Aston Martin prateado no sentido contrário, mas conseguiu esgueirar-se entre os automóveis que cruzavam as seis faixas da marginal e, apesar do seu evidente nervosismo, chegou sem mais incidentes ao passeio do lado oposto. A marcha apressada transformou-se em corrida e o homem passou pela porta do Negresco tão perturbado que nem sequer deitou uma espreitadela à magnífica fachada do hotel de esquinas arredondadas e à sua famosa cúpula cor-de-rosa e verde, o edifício tão branco e tão bem trabalhado que parecia uma monumental peça de marfim encaixada na Promenade des Anglais.

A brisa soprava fresca e vinha carregada de odores a mar, a sol, a iodo e a férias, mas tudo isso ele ignorou. Meteu pela rue de Rivoli até apanhar a movimentada rue de la Buffa. Uma tabuleta indicava Centre Ville à direita, para onde virou. Deteve-se diante da porta do primeiro prédio no outro lado da rua, um edifício de cinco andares cinza-claro com as múltiplas varandas protegidas por grades de ferro contorcido em arabescos, a fachada a lembrar a elegância dos blocos da rue de Rivoli parisiense, e espreitou com olhos vigilantes para os dois lados do passeio, como um coelho assustado. A rue de la Buffa era larga e não vislumbrou ninguém suspeito, mas isso não o tranquilizou. Carregou sucessivamente no botão do segundo andar esquerdo, esperando com tal insistência apressar uma resposta.

"Quem é?", perguntou uma voz irritada pelo intercomunicador, 8

obviamente agastada pela obstinação enervada do toque. "Quem está aí?"

"Sou eu, o Hervé. Abre a porta! Depressa!"

"Já vai, já vai. Tem calma!"

Com um zumbido e um estalido, a porta da rua destrancou-se e, depois de espreitar de novo em redor para se certificar de que ninguém o seguira, Hervé entrou no edifício. Demasiado impaciente para aguardar o elevador, galgou as escadarias saltando os degraus de dois em dois e só parou quando, já ofegante, chegou ao segundo andar. A porta do apartamento esquerdo estava entreaberta e deparou-se com o amigo a aguardá-lo de braços cruzados.

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