Os olhos de André estavam injetados, os cantos da boca cheios de espuma, o suor escorria pelo corpo, ele se achava à beira da loucura. A boca se abriu e disse o que ele sempre soubera que diria:
— Não faca.
— Você recusa?
A pergunta foi feita gentilmente, sem qualquer mudança.
— Hinodeh, você sol, meu sol, minha lua. Não poder. Não fazer isso. Nunca, nunca, nunca. Proibido. Você ficar. Por favor.
— Por favor, a faca.
— Não!
Um longo suspiro. Dócil, ela fez uma reverência, uma luz se extinguindo em seus olhos, foi pegar uma toalha úmida, outra seca, e ajoelhou-se ao lado da cama.
— Aqui, Sire.
O rosto franzido, todo suado, André observava-a.
— Você concordar?
— Sim, eu concordo. Se é esse o seu desejo.
Ele pegou-lhe a mão. Hinodeh não a retirou.
— Concordar de verdade?
— Se é o seu desejo. Como quiser. A voz era triste.
— Não pedir faca, nunca mais?
— Eu concordou. Já acabou,
André sentiu um peso removido de seus ombros. Ficou fraco de alívio.
— Oh, Hinodeh,
— Por favor, não me agradeça. É seu desejo.
— Por favor, não triste, Hinodeh. Eu prometer ser tudo, ser muito bom agora. Maravilhoso. Eu prometer.
Ela acenou com a cabeça, devagar. Um súbito sorriso inundou seu rosto e toda a tristeza se desvaneceu.
— Sim, eu agradeço a você; sim, não ficarei mais triste.
Hinodeh esperou enquanto ele se enxugava, depois removeu as toalhas. Os olhos de André acompanharam-na, deleitando-se com sua imagem, exultantes com a vitória. Ela atravessou o
— Vamos beber dos frascos, melhor do que taças. O meu quente, o seu frio. Obrigada por comprar meu contrato.
—
—
Hinodeh esvaziou o frasco, engasgou um pouco, depois riu, removeu o que escorrera para o queixo.
— Vamos para a cama,
A bebida lavou a boca de André, dissipou o sentimento de morte. Lentamente, ele puxou a colcha que a cobria, ansiando por ela.
— Por favor, não mais escuro. Por favor?
— Se assim deseja. Não mais escuro. Exceto para dormir,
Agradecido, André inclinou a cabeça até o
— Ah,
Ele obedeceu, estendeu-se de costas, a virilha vibrando de desejo.
Na escuridão, Hinodeh sentia-se mais contente do que em muitos anos, contente como nos dias anteriores à morte de seu marido, quando viviam em sua casinha em Iedo, com o filho, o menino que agora se encontrava são e salvo, já na casa dos avós, aceito, protegido e crescendo para se tornar um samurai.
Foi lamentável
O sorriso de Hinodeh se alargou. O velho herbanário não mentiu. Não senti o gosto de nada, não sinto nada agora, mas a morte circula por meu corpo e só me restam uns poucos minutos neste mundo de lágrimas.
Para mim e para o animal também. Ele fez a escolha. Quebrou sua promessa. E, assim, o impuro paga por me enganar. Não vai iludir mais nenhuma dama. E vai para a morte sem saciar seu desejo!
André despertou, ouvindo sua risada ligeira e estranha.
— O que foi?
— Nada. Mais tarde, riremos juntos. Não haverá mais escuridão depois desta noite,
Hiraga bateu com o punho no tatame, cansado de esperar por Akimoto. Saiu para a noite tempestuosa, seguiu pelos caminhos no jardim até a porta na cerca. Passou para o outro jardim, encaminhou-se para o bangalô de Takeda, errando a volta na primeira vez. Parou na varanda. Soavam roncos no interior.
— Akimoto, Takeda? — chamou ele, baixinho, não querendo abrir a porta de