Читаем Unknown полностью

O Brock gosta de dizer que nós os dois fazemos uma boa equipa. Talvez seja verdade. Mas o Enzo e eu éramos realmente uma boa equipa: trabalhávamos juntos. Tínhamos uma missão. Além disso, era amável, apaixonado e muito atraente. Sobretudo esta última característica – por mais que tentasse ser sua amiga, era difícil não estar agudamente ciente dos seus atributos mais superficiais. Na altura, odiava estar a desenvolver uma frustrante paixoneta pelo homem.

Então, certa noite, estava no seu apartamento, a partilhar uma caixa de piza entregue pelo nosso restaurante preferido (também, por coincidência, o mais barato). Tínhamos os nossos ingredientes preferidos na piza: pepperoni e extra queijo. Lembro-me de o Enzo beber um longo gole da sua garrafa de cerveja e sorrir na minha direção, isto é agradável, disse.

Sim, concordei. É mesmo agradável.

Pousou a sua cerveja na mesa de café. Depois de todas as casas que limpara, sentia uma ligeira vertigem sempre que alguém não Usava uma base. Gosto de passar tempo contigo, Millie.

Não tinha muita experiência com homens, mas a forma como me olhava era inconfundível. E, se dúvidas houvesse, dissiparam-se quando se inclinou para mim e me deu um longo e demorado beijo, com que soube que iria sonhar durante anos no futuro. E, quando os nossos lábios finalmente se separaram, sussurrou: Talvez possamos passar mais tempo juntos?

O que mais podia eu dizer senão sim? Mulher alguma seria capaz de recusar um pedido daqueles ao Enzo Accardi.

É engraçado, porque sempre vi o Enzo um pouco como um mulherengo, mas, depois desse primeiro beijo, só tinha olhos para mim. A nossa relação avançou depressa, mas tudo parecia muito certo. Ao fim de poucas semanas, passávamos já todas as noites um com o outro e, pouco tempo depois, decidimos viver juntos. Simplesmente entendíamo-nos, nós os dois. Entre os estudos e a minha relação com o Enzo, estava mais feliz do que alguma vez tinha estado na minha vida.

Ainda me lembro do dia em que tudo se desintegrou.

Estávamos sentados no nosso sofá, que o Enzo tinha trazido da berma em frente ao nosso prédio, mas estava ainda bastante bom e utilizável (com apenas uma mancha que não conseguíamos identificar, mas não fazia mal, pois limitámo-nos a virar essa almofada ao contrário). Tinha um braço musculado a envolver-me os ombros e estávamos a ver O Padrinho II, pois o Enzo ficara recentemente horrorizado ao descobrir que eu não tinha visto a trilogia. É um clássico, Millie! Lembro-me de estar aninhada contra o seu corpo, a pensar em como me sentia feliz e também em como o meu namorado era muito mais sexy do que o Robert De Niro.

E, então, o telemóvel dele tocou.

A conversa que se seguiu foi inteiramente em italiano, e eu esforcei os ouvidos, tentando captar uma ou duas palavras. Malata, repetia, uma e outra vez. Finalmente, introduzi a palavra no meu telemóvel, que a traduziu para mim:

Doente.

Depois de desligar, explicou-me a situação com o sotaque cerrado que às vezes adquiria quando estava stressado ou zangado.

A sua mãe tivera uma apoplexia. Estava no hospital. Tinha de voltar à Sicília para a ver, especialmente porque o pai e a irmã tinham ambos morrido e ele era o único que lhe restava. Fiquei confusa, pois sempre me tinha dito que jamais poderia regressar a casa. Antes de partir, tinha espancado um homem muito poderoso quase até à morte com as próprias mãos, e agora tinha a cabeça a prémio.

Disseste-me que não podias voltar, lembrei-lhe. Disseste que havia pessoas más que te matariam se regressasses. Não foi isso que disseste?

Sim, sim, respondeu-me. Mas já não ê um problema. Essas pessoas más... foram despachadas por outras pessoas más.

O que podia eu fazer? Não podia dizer ao meu namorado que não lhe era permitido ver a própria mãe depois de esta ter acabado de ter uma apoplexia. Assim, dei-lhe a minha bênção e partiu para a ver no dia seguinte. Depois de o acompanhar ao aeroporto e de nos beijarmos durante uns cinco minutos consecutivos antes de passar pela segurança, prometeu-me que regressaria «muito em breve».

Não contava que nunca mais regressasse.

Estou certa de que tencionava voltar – não me teria mentido intencionalmente. Nos primeiros dias, falávamos por telefone todas as noites, e às vezes ficava bastante escaldante. Sussurrava-me ao telefone o quanto sentia a minha falta e como voltaríamos a estar juntos em breve. Mas, à medida que a doença da mãe se arrastava, foi-se tornando cada vez mais óbvio que não podia partir. E ela não podia vir para cá.

Há um ano inteiro que não lhe tocava ou via o seu rosto quando finalmente lhe perguntei abertamente: Diz-me a verdade. Quando vais voltar?

Ele Soltou Um longo suspiro. Não sei. Não posso deixá-la, Millie.

E eu não posso esperar para sempre, disse-lhe eu.

Eu sei, respondeu com tristeza. E depois... Compreendo o que tens de fazer.

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