– Cruzeiro rápido – ladrou Davos. O tambor começou a soar mais depressa, e as remadas aceleraram, com as pás dos remos cortando a água,
Em seus tempos de contrabandista, Davos brincava com frequência dizendo que conhecia a margem de Porto Real bem melhor do que as costas de suas mãos, pois não tinha passado uma boa parte da vida entrando e saindo às escondidas das costas das mãos. As torres atarracadas de pedra nova e bruta que se erguiam de frente uma para a outra na foz da Água Negra podiam não querer dizer nada para Sor Imry Florent, mas para ele era como se dois dedos extras tivessem brotado dos nós de seus dedos.
Protegendo os olhos do sol que vinha do oeste, observou mais de perto essas torres. Eram pequenas demais para conter uma grande guarnição. A da margem norte tinha sido construída contra a falésia onde a Fortaleza Vermelha se empoleirava, carrancuda; sua irmã da margem sul tinha a base dentro d’água.
Algo cintilava embaixo, onde a água escura redemoinhava em torno da base da torre. Era a luz do sol refulgindo em aço, e isso disse a Davos Seaworth tudo o que precisava saber.
Também podia fazer uma suposição quanto a isso, mas não houve tempo para refletir sobre a questão. Surgiu um grito vindo dos navios em frente, e os cornos de guerra voltaram a soar: o inimigo encontrava-se diante da frota.
Por entre os remos brilhantes do
– Velocidade de batalha – Davos gritou. A bombordo e estibordo ouviu Dale e Allard darem a mesma ordem. Tambores começaram a bater furiosamente, remos erguiam-se e caíam, e o
O rio que parecera tão estreito a distância alargava-se agora como um mar, mas a cidade também se tornara gigantesca. Debruçada, mal-humorada, da Colina de Aegon, a Fortaleza Vermelha dominava as vias de aproximação. Suas ameias coroadas de ferro, sólidas torres e espessas muralhas vermelhas davam-lhe o aspecto de um animal feroz arqueando o dorso sobre o rio e as ruas. As falésias sobre as quais se acocorava eram abruptas e rochosas, manchadas de liquens e árvores deformadas e espinhosas. A frota teria de passar sob o castelo para atingir o porto e a cidade que ficavam mais adiante.