Читаем A Fúria dos Reis полностью

– E quem nos protegerá dos meus guardas? – a rainha deu a Osfryd um olhar de soslaio. – Mercenários leais são tão raros como rameiras virgens. Se a batalha for perdida, meus guardas tropeçarão naqueles mantos carmesim na pressa de arrancá-los. Roubarão o que puderem e fugirão, com os criados, lavadeiras e cavalariços, todos procurando salvar suas inúteis peles. Tem alguma ideia do que acontece quando uma cidade é saqueada, Sansa? Não, não pode ter, não é? Tudo o que sabe da vida aprendeu com os cantores, e há uma escassez muito grande de boas canções de saque.

– Verdadeiros cavaleiros nunca fariam mal a mulheres e crianças – as palavras soaram-lhe ocas logo no momento em que as proferia.

– Verdadeiros cavaleiros – a rainha parecia achar aquilo maravilhosamente divertido. – Não há dúvida de que tem razão. Portanto, por que é que não se limita a comer seu caldo como uma boa menina e esperar que Symeon Olhos de Estrela e o Príncipe Aemon, o Cavaleiro do Dragão, venham salvá-la, querida? Tenho certeza de que já não faltará muito tempo.




Davos

A Baía da Água Negra estava encrespada, cheia de cristas de onda por todo lado. O Betha Negra acompanhava a maré cheia, com a vela rangendo e estalando a cada mudança de vento. O Espectro e o Senhora Marya navegavam a seu lado, com não mais de 20 metros entre os cascos. Seus filhos sabiam manter um alinhamento. Davos orgulhava-se disso.

Por sobre o mar soaram cornos de guerra, profundos gemidos guturais semelhantes aos chamamentos de monstruosas serpentes, repetidos de navio para navio.

– Arriar a vela – ordenou Davos. – Desmontar o mastro. Remadores aos remos – seu filho Matthos transmitiu as ordens. O convés do Betha Negra agitou-se quando os tripulantes correram para desempenhar suas tarefas, abrindo caminho através de soldados que pareciam ficar sempre no caminho, onde quer que estivessem. Sor Imry tinha decretado que entrariam no rio só a remo, a fim de não expor as velas às balistas e catapultas de fogo das muralhas de Porto Real.

Davos distinguia o Fúria bem afastado, para sudeste, as velas cintilando em dourado enquanto eram arriadas, com o veado coroado de Baratheon pintado na tela. Stannis Baratheon tinha comandado o assalto a Pedra do Dragão do convés daquele navio, dezesseis anos antes, mas daquela vez escolhera acompanhar o exército, confiando o Fúria e o comando da frota ao irmão da mulher, Sor Imry, que tinha passado para a sua causa em Ponta Tempestade com Lorde Alester e todos os outros Florent.

Davos conhecia Fúria tão bem quanto seus próprios navios. Por cima de seus trezentos remos havia um convés dedicado completamente a balistas, e no convés superior tinha montadas, à frente e atrás, catapultas suficientemente grandes para arremessar barris de piche em chamas. Um navio formidável, e também muito rápido, embora Sor Imry o tivesse atulhado da proa à popa com cavaleiros em armaduras e homens de armas, o que teve seu custo em termos de rapidez.

Os cornos de guerra voltaram a soar, ordens à deriva, vindas do Fúria. Davos sentiu um formigamento nas pontas cortadas dos dedos.

– Remos ao mar – gritou. – Formar fileiras – uma centena de pás mergulhou na água no momento em que o tambor do mestre dos remadores começou a soar. O som era como o batimento de um grande coração lento, e os remos moviam-se a cada batida, cem homens puxando como um só.

Asas de madeira tinham também brotado do Espectro e do Senhora Marya. As três galés mantiveram o mesmo ritmo, agitando a água com as pás.

– Cruzeiro lento – gritou Davos. O navio de casco prateado de Lorde Velaryon, Orgulho de Derivamarca, tinha se deslocado para sua posição a bombordo do Espectro, e o Ousada Gargalhada aproximava-se rapidamente, mas o Bruxa só agora baixava os remos, e o Cavalo-Marinho ainda lutava para desmontar o mastro. Davos olhou para a popa. Sim, ali, muito ao sul, aquilo só podia ser o Peixe-Espada, atrasado como sempre. Era um navio de duzentos remos e possuía o maior esporão da frota, se bem que Davos nutrisse severas dúvidas a respeito de seu capitão.

Conseguia ouvir soldados gritando incentivos uns aos outros através da água. Tinham sido pouco mais do que lastro desde Ponta Tempestade, e estavam ansiosos por atirar-se sobre o inimigo, confiantes na vitória. Nisso, estavam em uníssono com seu almirante, o Senhor Capitão Supremo Sor Imry Florent.

Três dias antes Sor Imry convocara todos os seus capitães para um conselho de guerra a bordo do Fúria, enquanto a frota permanecia ancorada na foz do Guaquevai, a fim de lhes comunicar seus planos. A Davos e aos filhos tinha sido atribuído um lugar na segunda linha de batalha, na perigosa ala de estibordo.

– Um lugar de honra – declarara Allard, bastante contente com a oportunidade de demonstrar seu valor.

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