Para o Nipão, nada fora resolvido. Nem Sanjiro fora morto, o que não passava de mais desinformação espalhada pelos espiões de Yoshi. Mas isso não importava, porque Yoshi sabia que dera um gigantesco passo à frente, para a conquista do futuro: tinha agora a posse exclusiva dos portões, por mais tênue que fosse, O gama fora banido, Kagoshima destruída, o xógum Nobusada voltando a Iedo, sem a sua princesa, convencido de que Quioto era insegura para sua pessoa, os shishi quase exterminados, Anjo não mais neste mundo... e os gai-jin temporariamente contidos.
Mas cerca de um mês depois, emissários de Sanjiro saíram de Satsuma, foram procurar Sir William em Iocoama e pediram a paz. Sanjiro admitiu que estava errado, pagou a indenização, indicou os assassinos, jurou amizade aos gai-jin, culpou o decadente xogunato por todos os problemas e convidou os gai-jin a irem à sua reconstruída Kagoshima para comerciar, para discutir a modernização em todos os seus aspectos e também, entre outras coisas, “lorde Sanjiro quer que vocês saibam que Satsuma é uma antiga potência naval e deveria ter uma marinha como a dos gai-jin. Ele é rico e pode pagar em ouro, prata ou carvão, o que for necessário para obter os navios ing'erish e instrutores ing'erish...”
Consternado, Yoshi soube da oferta quase que no mesmo instante, por intermédio de seu espião Inejin, e ficou na maior irritação. Não planejara aquilo, jamais concebera tal possibilidade, que mudava o equilíbrio do poder.
Não importa, pensou ele, deprimido, naquele pôr-do-sol em particular. Ele estava em seu refúgio no alto da torre do castelo em Iedo, por cima da cidade, o céu riscado de vermelho, fogo aqui e ali, iluminando a chegada da noite. Não importa, os deuses nos pregam peças, se é que existem deuses. Mas com deuses ou sem deuses, não importa, é isso o que torna a vida o que é. Talvez eu vença, talvez não. Karma. Lembrarei o legado. E terei paciência. Isso é suficiente.
Não, nunca é suficiente!
Deliberadamente, ele abriu o compartimento e recordou Koiko, em toda a sua beleza, todos os tempos bons por que haviam passado, todo o riso. Isso o alegrou e acalmou e o pensamento de Koiko levou-o depois de algum tempo a Meikin e seu desejo de morte: “Um banho e roupas limpas. Por favor. “Ele sorriu, feliz por ter concedido... mas apenas por causa das boas maneiras de Meikin.
Nesta vida, pensou ele, soltando uma risada para o ar noturno, neste mundo de lágrimas, a gente precisa de um senso de humor, neh?
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