— Não há muito o que contar. Meu pai morreu. O funeral foi há alguns dias e tenho de voltar a Hong Kong o mais depressa possível.
— Claro... mas não até se recuperar. — Angelique inclinou-se para a frente, beijou-o de leve. — O que fará quando chegarmos lá?
Struan respondeu depois de uma breve pausa:
— Sou o herdeiro, o
— O
— Era de fato esperado.
— É triste, mas...
Angelique fez uma mesura elegante, como se estivesse na presença de um rei, e tornou a sentar, satisfeita consigo mesma. Malcolm observava-a de uma maneira estranha.
— Oque é?
— Apenas que você me fez sentir muito bem, orgulhoso. Vai casar comigo?
O coração de Angelique parou por uma fração de segundo, o rosto corou. Mas a mente ordenou-lhe que fosse prudente, não se apressasse, e ela ponderou se deveria se mostrar tão solene quanto ele, ou dar vazão à exuberância explosiva que experimentava pela pergunta e sua vitória, e fazê-lo sorrir.
— Ah! — exclamou ela, jovial, provocando-o, enquanto se abanava com o lenço. — Está bem, casarei com você,
Uma hesitação, e ela tratou de acrescentar:
—... apenas se ficar bom depressa, jurar que vai me obedecer sempre, me amar até a loucura, construir para nós um castelo no Peak, em Hong Kong, um palácio nos Champs-Elysées, aprontar um clíper como leito nupcial, fazer um quarto de bebê em ouro e comprar uma propriedade rural de um milhão de hectares!
— Fale sério, Angelique. Estou sendo sério.
E eu também, pensou ela, exultante porque agora o via sorrir. Um beijo lhe deu, mas desta vez nos lábios, pleno de promessas.
— Juro por Deus que não estou brincando. Quer casar comigo? — Palavra fortes, mas ele ainda não tinha forças para sentar na cama, estender as mãos puxá-la para seu peito. — Por favor.
Os olhos de Angelique ainda zombavam.
— Talvez, quando você estiver melhor... e apenas se jurar que vai me obedecer, me amar...
— Uma obediência total, se é isso o que você quer.
— É, sim. Uma obediência total... e todo o resto. — Outra vez o sorriso adorável. — Talvez sim,
A alegria dominou-o.
— Então a resposta é sim?
Os olhos de Angelique observavam-no, fazendo-o esperar. E só depois de um momento é que ela disse, com toda a ternura de que era capaz:
— Considerarei o pedido a sério... mas primeiro deve prometer que ficará bom depressa.
— Juro que ficarei.
Ela tornou a enxugar os olhos.
— E agora, Malcolm, leia a carta de sua mãe, por favor. Ficarei sentada aqui. O coração de Struan batia forte, e o júbilo dissipava a dor. Mas os dedos não eram tão obedientes, e teve alguma dificuldade para romper o lacre.
— Tome aqui, Anjo. Pode fazer o favor de ler para mim?
Angelique rompeu o lacre, esquadrinhou a letra singular, que cobria uma única folha, e começou a ler:
Os olhos de Angelique tornaram a se encher de lágrimas, pela súbita fantasia de que era ela quem escrevia para seu filho.
— Isso é tudo? Não tem nenhum pós-escrito?
— Não,