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conversam muito com suas clientes, e terminam ganhando uma grande experiência em matéria de casamento e amor, ela aconselhou: - Minha adorada, melhor ser infeliz com um homem rico, que ser feliz com um homem pobre, e lá longe você tem muito mais chance de ser uma rica infeliz. Além do mais, se nada der certo, você toma um ônibus e volta para casa. Maria, uma moça do interior, mas com uma inteligência maior do que sua mãe ou seu futuro marido imaginavam, insistiu apenas para provocar: - Mamãe, não existe ônibus da Europa para o Brasil. Além do mais, quero ter uma carreira artística, não estou procurando casamento. A mãe olhou para a filha com um ar quase desesperado: - Se dá para você chegar lá, também dá para sair. As carreiras artísticas são muito boas para moças jovens, mas só duram enquanto você for bela, e isso termina mais ou menos aos trinta anos. Portanto aproveite, encontre alguém que seja honesto, apaixonado, e por favor se case. Não precisa pensar muito em amor, no início eu não amava seu pai, mas o dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro. E olha que seu pai nem rico é! Era um péssimo conselho de amiga, mas um excelente conselho de mãe. Quarenta e oito horas depois Maria estava de volta ao Rio, não sem antes ter passado - sozinha - pelo seu antigo emprego, pedido demissão e escutado do dono da loja de tecidos: - Soube que um grande empresário francês resolveu levá - la para Paris. Não posso impedi- la de perseguir sua felicidade, mas quero que, antes de ir embora, saiba de uma coisa.

Tirou do bolso um cordão com uma medalha. - Trata-se da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças. Sua igreja fica em Paris, de modo que vá até lá e peça proteção a ela. Veja o que está escrito aqui. Maria viu que, em torno da Virgem, havia algumas palavras: "Oh, Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós. Amém." - Não deixe de dizer esta frase pelo menos uma vez por dia. E... - Ele hesitou, mas agora era tarde. - ... se algum dia você voltar, saiba que a estarei esperando. Perdi a oportunidade de dizer uma coisa tão simples: "eu te amo". Talvez seja tarde, mas gostaria que soubesse disso.

"Perder a oportunidade", ela havia aprendido muito cedo o que isso significava. "Eu te amo", porém, era uma frase que havia escutado muitas vezes ao longo de seus vinte e dois anos, e parecia que já não tinha mais nenhum sentido - porque nunca resultara em algo sério, profundo, que se traduzisse em uma relação duradoura. Maria agradeceu as palavras, anotou-as em seu subconsciente (nunca se sabe o que a vida nos preparou, e é sempre bom saber onde se encontra a saída de emergência), deu um casto beijo no rosto do ex-patrão e partiu sem olhar para trás.

Voltaram para o Rio, e em apenas um dia ela conseguiu seu passaporte (o Brasil realmente havia mudado, comentara Roger com algumas palavras em português e muitos sinais, que Maria traduziu como "antigamente demorava muito"). Aos poucos, com a ajuda de Maílson, o intérprete/segurança/empresário, as providências restantes foram tomadas (roupas, sapatos, maquiagem, tudo que uma mulher como ela podia sonhar). Roger a viu dançar em uma boate que visitaram na véspera da viagem para a Europa, e ficou entusiasmado com sua escolha -realmente estava diante de uma grande estrela para o cabaré Cologny, a bela morena de olhos claros e cabelos negros como as asas da graúna (um pássaro brasileiro, com que os escritores da terra costumam comparar os cabelos negros). A certidão de trabalho do consulado suíço ficou pronta, fizeram as malas, e no dia seguinte

estavam viajando para a terra do chocolate, do relógio e do queijo, com Maria secretamente

planejando fazer aquele homem apaixonar-se por ela - afinal de contas ele não era tão velho, nem feio, nem pobre. Que mais desejar? Chegou exausta e, ainda no aeroporto, seu coração apertou de medo: descobriu que estava completamente dependente do homem ao seu lado - não conhecia a terra, a língua, o frio. O comportamento de Roger ia mudando à medida que as horas se passavam; já não tentava ser agradável, e embora jamais tentasse beijá-la ou tocar seus seios, seu olhar tinha se tornado o mais distante possível. Colocou-a em um pequeno hotel, apresentandoa a outra brasileira, uma mulher jovem e triste chamada Vivian, que se encarregaria de prepará-la para o trabalho.

Vivian a olhou de cima a baixo, sem a menor cerimônia ou o menor carinho por quem está tendo sua primeira experiência no exterior. Em vez de perguntar como se sentia, foi direto ao assunto.

- Não tenha ilusões. Ele vai ao Brasil sempre que alguma de suas dançarinas se casa, e pelo visto isso está acontecendo com muita freqüência. Ele sabe o que quer, e acredito que você também saiba, deve ter vindo em busca de uma das três coisas: aventur a, dinheiro ou marido.

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