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Ele devia ser conhecido da casa - ela compreendera isso quando vira Ralf pagar por três clientes, a quantia certa, sem perguntar o preço. Maria apenas fez que "sim" com a cabeça, procurando criar um certo mistério, para o qual Milan não deu a menor importância, já que conhecia aquela vida melhor que ela. - Talvez já esteja preparada para um próximo passo. Existe um cliente especial que tem sempre perguntado por você. Eu digo que não tem experiência, e ele acredita em mim; mas talvez agora seja hora de tentar.


Cliente especial?


- E o que tem isso a ver com o pintor?


- Também é um cliente especial.


Então tudo o que tinha feito com Ralf Hart já devia ter sido experimentado e feito por outra de suas colegas. Mordeu o lábio, e não disse nada - tinha passado uma bela semana, não podia se esquecer do que escrevera. - Devo fazer a mesma coisa que fiz com ele? - Não sei o que fizeram; mas hoje, se alguém lhe oferecer um drink, não aceite. Os clientes especiais pagam melhor, e você não irá se arrepender. O trabalho começou como de costume. As tailandesas sempre sentando juntas, as colombianas com o mesmo ar de quem entende de tudo, as três brasileiras (incluindo Maria) fingindo um ar distraído, como se nada daquilo fosse novo ou interessante. Havia uma austríaca, duas alemãs, e o resto do elenco era composto de mulheres do antigo Leste Europeu, todas altas, de olhos claros, lindas, e que terminavam casando mais rápido que as outras.


Os homens entraram - russos, suíços, alemães, sempre executivos ocupados, capazes de pagar pelos serviços das prostitutas mais caras de uma das cidades mais caras do mundo. Alguns se dirigiram a sua mesa, mas ela sempre olhava para Milan, e ele fazia um sinal negativo. Maria estava contente: não teria que abrir as pernas aquela noite, agüentar cheiros, tomar duchas em banheiros nem sempre aquecid os, tudo que precisava era ensinar a um homem, já cansado de sexo, como devia fazer amor. E agora, pensando bem, não era qualquer mulher que teria a mesma criatividade para inventar a história do presente.

Ao mesmo tempo se perguntava: "Por que será que, depois de terem experimentado


tudo, querem mesmo voltar ao princípio?" Enfim, isso não era da sua conta; desde que pagassem bem, ela estava ali para servi- los. Um homem mais jovem que Ralf Hart entrou; bonito, cabelos negros, dentes perfeitos, e um terno que lembrava os chineses - sem gravata, apenas com uma gola alta -e impecável camisa branca por baixo. Dirigiu-se até o bar, olhou para Maria, e ele se aproximou:


- Aceita um drink?


Milan fez que sim com a cabeça, e ela convidou-o para sentar em sua mesa. Pediu seu coquetel de frutas, e estava esperando o convite para dançar, quando o homem se apresentou:


- Meu nome é Terence, e trabalho em uma companhia de discos na Inglaterra. Como sei que estou em um lugar onde posso confiar nas pessoas, penso que isso irá ficar entre nós.


Maria ia começar a falar do Brasil, quando ele a interrompeu: - Milan disse que você entende o que eu quero. - Não sei o que você quer. Mas entendo do que faço. O ritual não foi cumprido; ele pagou a conta, pegou-a pelo braço, e lhe estendeu mil francos. Por um momento, no táxi, ela lembrou-se do árabe com quem tinha ido jantar no restaurante cheio de pinturas famosas; era a primeira vez que voltava a receber a mesma quantia, e, em vez de ficar contente, isso a deixou nervosa. O táxi parou em um dos hotéis mais caros da cidade. O homem disse boa-noite ao porteiro, demonstrando uma imensa familiaridade com o local. Subiram direto ao seu quarto, uma suíte com vista para o rio. Ele abriu uma garrafa de vinho - possivelmente muito raro - e lhe ofereceu uma taça.


Maria olhava-o enquanto bebia; o que um homem como ele, rico, bonito, desejava de uma prostituta? Como ele quase não falava, ela também permaneceu a maior parte do tempo em silêncio, procurando descobrir o que podia deixar um cliente especial satisfeito. Entendeu que não devia tomar a iniciativa, mas uma vez que o processo começasse, pretendia acompanhá- lo com a velocidade que fosse necessária; afinal de contas, não era toda noite que ganhava mil francos.


- Temos tempo - disse Terence. - Todo o tempo que quisermos. Pode dormir aqui, se assim desejar.


A insegurança voltou. O homem não parecia intimidado, e falava com uma voz calma, diferente de todos os outros. Sabia o que desejava; colocou uma música perfeita, na altura perfeita, no quarto perfeito, com a janela perfeita, que dava para o lago de uma cidade perfeita. Seu terno era bem cortado, a mala estava em um canto, pequena, como se não precisasse de muita coisa para viajar - ou como se tivesse vindo a Genève apenas por aquela noite.


- Vou dormir em casa - respondeu Maria. O homem à sua frente mudou por completo. Seus olhos de cavalheiro ganharam um brilho frio, glacial.


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