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Saíram de mãos dadas, como se fossem dois namorados que haviam se encontrado depois de muito tempo. Beijaram-se em público, algumas pessoas olharam escandalizadas, ambos sorriam pelo mal-estar que estavam causando, e pelos desejos que despertavam com o escândalo - porque sabiam que, na verdade, eles queriam estar fazendo a mesma coisa. O escândalo era só isso.


Entraram em um café igual a todos os outros, mas que naquela tarde era diferente, porque os dois estavam ali, e se amavam. Conversaram sobre Genève, as dificuldades da língua francesa, os vitrais da igreja, os males do cigarro - já que ambos fumavam e não tinham a menor intenção de abandonar o vício. Ela fez questão de pagar o café, e ele aceitou. Foram à exposição, ela conheceu seu mundo, os artistas, os ricos que pareciam mais ricos ainda, os milionários que pareciam pobres, as pessoas que perguntavam coisas sobre as quais jamais tinha ouvido falar. Todos gostaram dela, elogiaram sua maneira de falar francês, perguntaram sobre o carnaval, o futebol, a música de seu país. Educados, gentis, simpáticos, envolventes. Quando saíram, ele disse que iria à boate naquela noite, encontrá-la. Ela pediu que não fizesse isso, tinha a noite livre, gostaria de convidá-lo para jantar. Ele aceitou, despediram-se, marcaram de encontrar-se na casa dele para jantar em um restaurante simpático na pequena praça de Cologny, onde sempre passavam de táxi, e ela jamais pedira que parassem para conhecer o lugar. Então Maria lembrou-se da única amiga, e resolveu ir até a biblioteca para dizer que não voltaria mais.


Ficou presa no trânsito por um tempo que parecia uma eternidade, até que os curdos terminassem de se manifestar (de novo!) e os carros pudessem voltar a circular normalmente. Mas agora era de novo dona do seu tempo, isso não tinha importância. Chegou quando a biblioteca estava quase fechando. - Pode ser que eu esteja querendo ser íntima demais, mas não tenho nenhuma amiga a quem confiar certas coisas - disse a bibliotecária, assim que Maria entrou. Aquela mulher não tinha amiga? Depois de viver sua vida inteira no mesmo lugar, encontrar várias pessoas durante o dia, será que não tinha ninguém com quem conversar? Enfim, descobria alguém como ela - ou melhor dizendo, alguém como todo mundo. viver na ignorância, achando que um marido fiel, um apartamento com vista para o lago, três filhos e um emprego público era tudo que uma mulher podia sonhar. Agora, desde que você chegou aqui, e desde que li o primeiro livro, ando muito preocupada com aquilo em que transformei minha vida. Será que todo mundo é assim? - Posso lhe garantir que é - e Maria sentiu-se uma jovem sábia diante daquela mulher que lhe pedia conselhos.

- Gostaria que eu entrasse em detalhes?


Maria acenou positivamente com a cabeça. - É claro que você ainda é muito jovem para compreender essas coisas, mas justamente por isso gostaria de compartilhar um pouco da minha vida, para que não cometa os mesmos erros que cometi.


"Mas o clitóris, por que será que meu marido nunca prestou atenção a isso? Achava que o orgasmo é na vagina, e me custava muito, mas muito mesmo, fingir algo que ele imaginava que eu deveria estar sentindo. Claro, eu tinha prazer, mas um prazer diferente. Apenas quando a fricção era na parte superior... você está entendendo?" - Estou entendendo.


- E agora descobri por quê. Está ali - ela apontou para um livro na sua mesa, cujo título Maria não conseguia ver. - Existe um feixe de nervos que vai do clitóris ao ponto G, e que é predominante. Mas os homens pensam que não, que penetrar é tudo. Você sabe o que é o ponto G?


- Conversamos sobre isso outro dia - disse Maria, desta vez como a Menina Ingênua. - Logo depois de entrar, primeiro andar, janela dos fundos.

- Claro, claro! - os olhos da bibliotecária se iluminaram. Verifique por você mesma quantos de seus amigos já ouviram falar disso: nenhum ouviu! Que absurdo! Mas assim como o clitóris foi uma invenção do tal italiano, o ponto G é uma conquista do nosso século! Em breve ocupará todas as manchetes, e ninguém mais poderá ignorá- lo! Pode imaginar que momento revolucionário estamos vivendo? Maria olhou para o relógio, e Heidi se deu conta de que precisava falar rápido, ensinar àquela menina bonita à sua frente que as mulheres tinham todo direito de serem felizes, realizadas, para que uma próxima geração pudesse se beneficiar de todas estas conquistas científicas extraordinárias.


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