Читаем Onze minutos полностью

Entrava e saía, aumentava e diminuía o ritmo, parava às vezes para me olhar também, mas não perguntava se eu estava gostando, porque sabiá que esta era a única maneira de nossas almas se comunicarem naquele momento. O ritmo aumentou, e eu sabiá que os onze minutos estavam chegando ao fim, queria que continuassem para sempre, porque era tão bom - ah, meu Deus, como era bom - ser possuída e não possuir! Tudo de olhos bem abertos, e notei que quando já não enxergávamos direito, parecíamos ir para uma dimensão onde eu era a grande mãe, o universo, a mulher amada, a prostituta sagrada dos antigos rituais que ele havia me explicado com um copo de vinho e uma lareira acesa. Vi seu orgasmo chegando, e seus braços seguraram os meus com força. Os movimentos aumentaram de intensidade, e foi então que ele gritou - não gemeu, não mordeu os dentes, mas gritou! Berrou! Urrou como um animal! No fundo da minha cabeça passou rápido o pensamento de que a vizinhança talvez chamasse a polícia, mas isso não tinha importância, e eu senti um incenso prazer, porque era assim desde o início dos tempos, quando o primeiro homem encontrou a primeira mulher e fizeram amor pela primeira vez: eles gritaram.


Depois seu corpo desabou sobre mim, e não sei quanto tempo ficamos abraçados um ao outro, eu acariciei seus cabelos como só havia feito na noite em que nos trancamos no escuro do hotel, vi seu coração disparado ir aos poucos voltando ao normal, suas mãos começaram delicadamente a passear pelos meus braços, e aquilo fez com que todos os cabelos de meu corpo ficassem arrepiados. Deve ter pensado em algo prático - como o peso de seu corpo em cima do meu ; porque rolou para o lado, segurou minhas mãos, e ficamos os dois olhando o teto e o lustre de três lâmpadas acesas.


- Boa-noite - eu lhe disse.

Ele me puxou, e fez com que apoiasse a cabeça no seu peito. Ficou me acariciando


por um longo tempo, antes de dizer "boa-noite" também. - A vizinhança deve ter escutado tudo - comentei, sem saber como íamos continuar, porque dizer "eu te amo" naquele momento não fazia muito sentido, ele já sabiá, e eu também.


- Está entrando uma corrente de ar frio por baixo da porta - foi sua resposta, quando poderia ter dito "que maravilha!" - vamos para a cozinha.


Nos levantamos, e vi que ele nem sequer havia tirado a calça, estava vestido como quando o encontrei, apenas com o sexo do lado de fora. Coloquei meu casaco sobre o corpo nu. Fomos para a cozinha, ele preparou um café, fumou dois cigarros, eu fumei um. Sentados na mesa, ele dizia "obrigado" com os olhos, eu respondia "também quero agradecer", mas nossas bocas se mantinham fechadas. Finalmente ele tomou coragem e perguntou pelas malas. - Estou voltando para o Brasil amanhã ao meio-dia. Uma mulher entende quando um homem é importante para ela. Será que eles também são capazes deste tipo de compreensão? Ou eu teria que dizer "te amo", "gostaria de continuar aqui com você", "peça- me que fique". - Não vá - sim, ele havia compreendido que podia me dizer isso. - vou. Fiz uma promessa.


Porque, se não tivesse feito, talvez acreditasse que aquilo tudo ali era para sempre. E não era, era parte de um sonho de uma moça do interior de um país distante, que vai para a cidade grande (não tão grande assim, para falar a verdade), passa por mil dificuldades, mas encontra o homem que a ama. Então, este era o final feliz para todos os momentos difíceis que passei, e sempre que eu me lembrasse de minha vida na Europa, terminaria com a história de um homem apaixonado por mim, que seria sempre meu, já que eu visitara sua alma.


Ah, Ralf, você não sabe o quanto te amo. Penso que talvez nos apaixonemos sempre no momento em que olhamos o homem de nossos sonhos pela primeira vez, embora a razão naquele momento diga que estamos errados, e passemos a lutar - sem vontade de vencer- contra este instinto. Até que chega o momento em que nos deixamos vencer pela emoção, e isso aconteceu naquela noite, quando eu caminhei descalça pelo parque, sofrendo dor e frio, mas entendendo o quanto você me queria. Sim, eu te amo muito, como nunca amei outro homem, e justamente por isso vou embora, porque se ficasse o sonho se transformaria em realidade, vontade de possuir, de desejar que sua vida seja minha... enfim, de todas estas coisas que terminam transformando 0 amor em escravidão. Melhor assim: o sonho. Temos que ser cuidadosos com aquilo que levamos de um país - ou da vida.


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