— Basta lhe entregar minha carta quando chegar a Hong Kong.
Jamie contara a Twomast a verdade sobre Otami e seu primo, não querendo criar problemas para o amigo, e garantira o dinheiro da passagem dos dois, ida e volta, se Tess não concordasse com sua proposta: adiantar-lhes os recursos necessários, com prudentes apresentações a pessoas na Inglaterra e Escócia, contra um empreendimento meio a meio que ele formaria para aproveitar tudo o que os dois pudessem proporcionar, ao voltarem ao Japão.
Ele escrevera:
— Vai sair bastante caro, Jamie — comentou Twomast, que era baixo e magro, o rosto curtido de marujo, cabelos escuros, olhos castanhos. — Pelo menos cem libras. Vale o risco?
— O navio é de Tess, o custo da passagem nada significa para ela.
— Ainda assim é caro, e ela se preocupa com os
— Tenho. Eu disse a eles que a bordo você é um rei, um
Twomast riu.
— Serei, sim, só que no céu. Mas não importa, fiquei devendo algumas coisas a você, ao longo dos anos, e agora farei o que me pede.
— Obrigado.
Jamie correu os olhos pelo camarote. Pequeno, um beliche, mesa de cartas, mesa para quatro pessoas, tudo impecável, sólido, digno de um autêntico marujo... como Johnny Twomast, originalmente um norueguês, primo de Sven Orlov, o Corcunda, que assumira o comando da frota da Struan, depois de Dirk Struan. O
— Onde eles vão ficar?
— Com a tripulação. Onde mais poderia ser?
— Pode lhes dar um camarote, por menor que seja.
— Vamos partir lotados; eles aprenderão depressa, com a tripulação, os nossos costumes.
— Dê-lhes um camarote pelo menos até partir de Hong Kong. Não quero que sejam reconhecidos.
Johnny Twomast pensou por um instante.
— Eles podem ficar no camarote do terceiro-imediato, que tem dois beliches. Estão armados, Jamie?
— Claro que estão. São samurais.
— Nada de armas, nem esse negócio de samurai.
Jamie deu de ombros.
— Diga isso a eles. Mas, por favor, trate-os com todo respeito, não como meros nativos. Podem ser esquisitos, mas são japoneses importantes.
—
Hiraga e Akimoto entraram, bem instruídos por Jamie.
— Qual de vocês fala inglês?
— Eu falar,
— O Sr. McFay aqui garante você, Otami-sama, o seu bom comportamento, por toda a viagem até Londres. Concordam em me obedecer, permanecem a bordo se eu mandar, desembarcam e voltam como eu determinar, até a cidade de Londres. Vão me obedecer como se eu fosse seu chefe, seu
— Nós concordar fazer tudo que
— Ótimo. Mas não quero armas, enquanto estiverem a bordo. Devem me entregar as espadas, pistolas, facas. Serão devolvidas quando desembarcarem. — Twomast percebeu o relance de raiva e registrou-o. — Vocês concordam?
— Mas se homens nos atacar?
— Se meus homens atacarem vocês, usem os punhos, até eu chegar. Eles serão avisados, cinqüenta açoites para cada homem, se começarem uma briga. E vocês não puxam briga com ninguém. Entenderam?
— Não, sinto muito.
Jamie explicou como os marujos seriam amarrados ao mastro e açoitados por desobedecer. Consternado com a crueldade, Hiraga transmitiu a explicação a Akimoto e depois disse: