— Boa noite,
Ele tratou de se afastar, na direção do comissário de bordo, não querendo estar por perto quando ocorresse a inevitável explosão. O comissário era pequeno e dispéptico e a fila irregular de homens se acotovelando para chegar até ele ainda era comprida. Tyrer foi até o começo da fila, ignorando os protestos de “Espere a sua vez!”, e declarou:
— Desculpe, senhor, mas são ordens de Sir William. Negócios do governo de sua majestade. Um recibo, por favor.
— Está bem, está bem! Por que a pressa?
Enquanto o comissário fazia o registro em seu livro, Tyrer lançou um olhar para Sir William, que fora se postar sob um lampião e lia a tradução, com os olhos contraídos. Enquanto ele observava, o rosto se contorceu, os lábios começaram a murmurar palavrões, levando os homens nas proximidades a recuar, chocados, não por causa da linguagem, mas por ser tão inesperada. Tyrer soltou um gemido e tornou a virar as costas.
O documento era dos roju, assinado pelo
— Tyrer!
Ele fingiu não ter ouvido, continuou de costas para Sir William, aceitou o recibo do comissário, os homens impacientes na fila gritando em graus variados de irritação:
— Depressa, pelo amor de Deus! Não queremos passar a noite inteira aqui! Ei, ele já voltou!
O cúter vazio, voltando do
— Todos a bordo, os que vão embarcar!
Na agitação imediata, Maureen se aproximou.
— Phillip, quando Jamie vai voltar?
— No último barco, com toda certeza, se não antes — respondeu ele, sem saber se Jamie contara o plano a ela. — Ainda resta uma hora, ou mais.
— Tyrer!
— Desculpe, mas tenho de ir agora. Pois não, senhor? — gritou ele. Tyrer respirou fundo, preparando-se mentalmente, e se afastou apressado.
— Em meia hora, Phillip — disse Sir William, vesgo de tanta raiva —, em apenas meia hora, precisarei que você traduza minha resposta, que será vigorosa, bastante acurada.
— Certo, senhor. Antes que eu me esqueça...
— Vá procurar... ah, lá está ele! Eu sabia que o tinha visto por aqui!
Um olhar para o rosto de Sir William foi suficiente para fazer com que a multidão silenciasse e lhe desse passagem, todos na maior atenção.
— Pallidar, chame os dragões. Quero que entregue um comunicado cordial ao governador de Kanagawa... imediatamente.
— Esta noite, senhor? — indagou Pallidar, para perceber a expressão no rosto dele e se apressar em acrescentar: — Claro, senhor. Imediatamente.
— Com licença, Sir William — disse Tyrer, falando depressa, antes que o ministro britânico pudesse se afastar. — Não tive tempo de lhe falar antes, mas ajudei dois estudantes japoneses a embarcar. Eles queriam viajar, visitar a Inglaterra. Salvaram minha vida ontem à noite. Espero que não se incomode.
— Por eles terem salvo sua vida? Tenho minhas dúvidas. — Os olhos penetraram fundo em Tyrer. — Se você se tornou agente de viagens durante o horário de expediente, suponho que terá uma resposta satisfatória, caso eu a exija. Pallidar, quero que siga com todo seu destacamento, dentro de uma hora, e entregue minha mensagem de uma forma um tanto rude!
Sir William afastou-se. Pallidar assoou o nariz, ainda bastante resfriado.
— O que houve com ele?