Yoshi estudara-o, precisando de informações, e depressa. Percebera que o homem se sentia desesperado em agradar, mas ao mesmo tempo apavorado, com ele e com os guardas que o haviam trazido, empurrando sua cabeça para o chão. Por isso, decidira tentar um esquema diferente. Dispensara os guardas, levantara-se, fora se encostar no peitoril da janela, olhando para a cidade.
— Conte-me depressa, com suas próprias palavras, o que lhe aconteceu.
— Eu era pescador na aldeia de Anjiro, em Izu, lorde, onde nasci, há trinta e três anos. — Misamoto falara sem hesitar, deixando patente que já relatara a história uma centena de vezes antes. — Há nove anos, estava pescando, junto com outros cinco, em meu barco, a algumas
— Esse navio americano levou você para esse lugar San qualquer coisa? O que aconteceu depois?
Misamoto contara como fora levado à casa do irmão do capitão, um negociante de velas de navio, para aprender a língua, fazendo pequenos trabalhos, até as autoridades decidirem o que fazer com ele. Vivera com a família por cerca de três anos, trabalhando na loja e no porto. Um dia fora levado à presença de uma importante autoridade, um homem chamado Natow, que o interrogara, e depois dissera que seria enviado com o navio de guerra Missouri para Shimoda, a fim de servir como intérprete para o cônsul Townsend Harris, que já se encontrava no Japão, negociando um tratado. A esta altura, ele usava roupas ocidentais e aprendera alguns dos costumes ocidentais.
— Aceitei com a maior satisfação, Sire, certo de que poderia ser útil aqui, em particular para o
Misamoto fizera uma pausa, o rosto se contraindo em angústia.
— Mas eles não quiseram me escutar, Sire, não tentaram compreender... fui amarrado e trazido para Iedo... isso aconteceu há cerca de cinco anos, lorde, e desde então tenho sido tratado como criminoso, confinado como tal, embora não na prisão, e continuei a explicar e explicar que não era um espião, mas sim um homem leal de Izu, e contei para todo mundo o que tinha me acontecido...
Para repulsa de Yoshi, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto do homem. Ele tratara de interromper a lamúria.
— Pare com isso! Sabe ou não sabe que é proibido, por lei, deixar o Nipão sem autorização?
— Sei, lorde, mas eu pen...
— E sabe que, pela mesma lei, se violada, qualquer que tenha sido o motivo, quem querque seja a pessoa, o culpado está proibido de voltar, sob pena de morte?
— Sei, sim, Sire. Mas não imaginei que me incluiria, Sire. Pensei que seria bem recebido, e meus conhecimentos apreciados, porque me perdi no mar sem querer. Foi a tempestade que...
— Uma lei é uma lei. Esta lei é uma boa lei. Evita a contaminação. Acha que foi tratado injustamente?
— Oh, não, lorde! — exclamara Misamoto, removendo as lágrimas, com um medo ainda maior, a cabeça inclinada para o tatame. — Por favor, desculpe-me. suplico o seu perdão, por favor...
— Limite-se a responder às perguntas. Até que ponto seu inglês é fluente?
— Eu... eu compreendo e falo um pouco de inglês americano, Sire.
— É a mesma língua que os
— É, sim, Sire, mais ou menos...
— Quando esteve com o americano Harris, você estava de barba ou sem?
— De barba, Sire. Tinha uma barba aparada, como a maioria dos marujos. Deixei os cabelos crescerem como os deles, e prendi num rabo-de-cavalo.
— Quem você conheceu junto com o