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passear com seu futuro "namorado" - afinal, não basta ter um grande amor, é preciso também fazer com que todos saibam que você é uma pessoa muito desejada. Estavam curiosíssimas para saber o que tinha acontecido, e Maria, cheia de si, disse que a melhor parte foi a língua que tocava nos seus dentes. Uma das garotas riu. - Você não abriu a boca?

De repente, tudo ficava claro - a pergunta, a decepção. - Para quê?

- Para deixar que a língua entrasse.

- E qual é a diferença?

- Não tem explicação. É assim que se beija. Risinhos escondidos, ares de suposta piedade, vingança comemorada entre as meninas que jamais tiveram um rapaz apaixonado. Maria fingiu que não dava importância, riu também - embora sua alma chorasse. Secretamente blasfemou contra o cinema, onde aprendera a fechar os olhos, segurar a cabeça do outro com a mão, mover o rosto um pouco para a esquerda, um pouco para a direita, mas que não mostrava o essencial, o mais importante. Elaborou uma explicação perfeita (eu não quis entregar- me logo, porque não estava convencida, mas agora descobri que você é o homem da minha vida) e aguardou a próxima oportunidade.

Mas só viu o rapaz três dias depois, em uma festa no clube da cidade, segurando a mão de uma amiga sua - a mesma que lhe havia perguntado sobre o beijo. Ela de novo fingiu que não tinha importância, agüentou até o final da noite conversando com as companheiras sobre artistas e outros rapazes da cidade, fingindo ignorar alguns olhares piedosos que de vez em quando uma delas lhe lançava. Ao chegar em casa, porém, deixou que seu universo desabasse, chorou a noite inteira, sofreu por oito meses seguidos e concluiu que o amor não fora feito para ela, nem ela para o amor. A partir daí, passou a considerar a possibilidade de transformar-se em religiosa, dedicando o resto da vida a um tipo de amor que não fere e não deixa marcas dolorosas no coração o amor a Jesus. Na escola falavam de missionários que iam para a África, e ela decidiu que ali estava a saída de sua vida sem emoções. Fez planos para entrar no convento, aprendeu primeiros socorros (já que, segundo alguns professores, muita gente morria na África), dedicou-se com mais afinco às aulas de religião e começou a imaginar-se como santa dos tempos modernos, salvando vidas e conhecendo as florestas onde habitavam tigres e leões. Entretanto, o ano do seu décimo quinto aniversário não lhe reservara apenas a descoberta de que o beijo se dá com a boca aberta, ou de que o amor é sobretudo uma fonte de sofrimento. Descobriu uma terceira coisa: a masturbação. Foi quase por acaso brincando com seu sexo enquanto esperava a mãe voltar para casa. Costumava fazer isso quando era criança, e gostava muito da sensação agradável - até que um dia seu pai a viu e lhe deu uma surra, sem explicar o motivo. Jamais esqueceu as pancadas, e aprendeu que não devia ficar tocando-se na frente dos outros; como não podia fazer isso no meio da rua, e como em sua casa não havia um quarto só para ela, esqueceu-se da sensação agradável. Até aquela tarde, quase seis meses depois do beijo. A mãe demorou, ela não tinha o que fazer, o pai havia acabado de sair com um amigo, e na falta de um programa interessante na televisão, começou a examinar seu corpo - na esperança de encontrar alguns cabelos indesejados, que logo seriam arrancados com uma pinça. Para sua surpresa, notou um pequeno caroço na parte superior da vagina; começou a brincar com ele, e já não conseguia mais parar; era cada vez mais gostoso, mais intenso, e todo o seu corpo - principalmente a parte que estava tocando - ia ficando rígido. Aos poucos começou a entrar

em uma espécie de paraíso, a sensação foi aumentando de intensidade, ela notou que já não

enxergava ou escutava direito, tudo parecia ter ficado amarelo, até que gemeu de prazer e teve seu primeiro orgasmo.

Orgasmo! Gozo!

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