Читаем Unknown полностью

– Sei que parece loucura – admito. – Oiço as palavras que me saem da boca e... Como disse, sei que é estranho. Mas era um tipo diferente naquele apartamento. Tenho a certeza.

Quanto mais penso no assunto, mais certa me sinto. Mas, se aquele não era o Douglas, então quem era? E onde estava o verdadeiro Douglas enquanto aquele sujeito estava em sua casa?

Quem é o homem que eu assassinei?

– Vou contar-te algo interessante – diz lentamente o Enzo. – Quando me falaste nos Garrick, fui investigá-los. E sabes que mais? Aquele apartamento em Manhattan não está listado como a sua residência principal.

– 0 que?

– Sim, é verdade. Esse apartamento é só um extra. A residência principal é uma casa em Long Island. Bem, dizem que é uma casa. Provavelmente, é mais tipo uma mansão.

Começa a fazer um pouco mais de sentido. Se, na realidade, o verdadeiro Douglas Garrick vivia em Long Island, então seria fácil para duas outras pessoas darem a impressão de que estavam a viver no apartamento de Manhattan. O verdadeiro Douglas Garrick nunca teria de saber.

– Então – digo eu –, acreditas em mim?

O Enzo parece ofendido.

– É claro que acredito em ti!

– Mas há algo que precisas de saber – limpo as mãos suadas às minhas calças de ganga. – Na noite em que o Douglas foi morto, eu vi... Bem, pensei tê-lo visto a tentar estrangular a Wendy. Vi alguém a tentar estrangulá-la no apartamento. E não parava. Por isso, agarrei na arma deles e... dei-lhe um tiro. Para o fazer parar.

Nunca fui muito de chorar, mas sinto as lágrimas aflorar pela segunda vez no dia de hoje. O Enzo estende os braços para mim e eu soluço contra o seu ombro. Abraça-me durante muito tempo, deixando-me chorar tudo. Quando finalmente me afasto, deixo para trás uma mancha húmida na Sua T-shirt.

– Desculpa ter-te estragado a camisola – digo.

Ele sacode a mão.

– É só um pouco de ranho. Nada de especial.

Baixo os olhos.

– Simplesmente não sei o que fazer. A polícia acha que matei o Douglas Garrick. E, embora saiba que não o fiz, alvejei alguém nessa noite. Alguém está morto por minha causa.

– Isso não é certo.

– É claro que é!

– Achas que mataste alguém – salienta. – Mas, depois de o alvejares, vieste para casa. Confirmaste que estava mesmo morto? Sem respiração? Sem pulsação?

– Eu... A Wendy disse que não tinha pulsação.

– E acreditamos na Wendy?

Pestanejo.

– Havia sangue, Enzo.

– Mas seria mesmo sangue? O sangue é fácil de simular.

Franzo o sobrolho, pensando na noite de ontem. Aconteceu tudo tão depressa. A arma disparou, o Douglas caiu, e então todo aquele sangue começou a alastrar sob o seu corpo. Mas não é como se eu o tivesse ido examinar. Não sou paramédica. Depois de o alvejar, tudo o que eu queria era sair dali o mais depressa possível.

Será possível que nada daquilo tenha sido real? E se não foi...

– Ela enganou-me – arquejo. – Enganou-me por completo.

Passei todo esse tempo a sentir pena dela. A tentar protegê-la. E ela, entretanto, dizia a quem quisesse ouvir que eu andava a ter um caso com o marido – foi certamente por isso que a Amber Degraw me sorriu ao referir o Douglas Garrick naquele dia em que me cruzei com ela na rua. Não é de admirar que o porteiro me estivesse sempre a piscar o olho! E ninguém sabia que eu nunca estava sozinha com o Douglas porque ele entrava pelas traseiras, onde não há porteiro nem câmara.

Não, não com o Douglas. Nunca conheci o Douglas Garrick. Não faço ideia quem era aquele outro homem.

– Onde é a casa da Wendy? – pergunto. – Preciso de falar com ela.

– Achas que podes ir lá? – abana a cabeça. – Há um milhão de jornalistas à volta da casa. E, seja como for, ela não falará contigo. Se lá fores, só trará mais problemas.

Sei que tem razão, mas não deixa de ser superfrustrante. Depois do que ela me fez, só quero olhá-la nos olhos e perguntar-lhe porquê. Mas está certo. Nada de bom resultará de lá ir.

– Esse homem que se identificava como Douglas Garrick... – sonda o Enzo, esfregando o queixo. – Fazes alguma ideia de como o podemos encontrar? Pode ser mais fácil chegar a ele do que à Wendy Garrick.

– Não – cerro os punhos de frustração. – Tudo o que sei é que não se chama Douglas Garrick. Não faço ideia quem realmente é.

– Tens uma fotografia dele?

– Não, não tenho.

– Pensa, Millie. Tem de haver alguma coisa. Talvez um pormenor que o distinga?

– Não. É só um branco genérico de meia-idade.

– Tem de haver alguma coisa...

Fecho os olhos, tentando evocar uma imagem do homem que se identificava como Douglas Garrick. Não havia absolutamente nada de distintivo nele, e talvez tenha sido por isso que a Wendy o escolheu. Parece-se o suficiente com o verdadeiro Douglas Garrick.

Mas o Enzo tem razão. Tem de haver alguma coisa...

– Espera – digo eu. – Há mesmo alguma coisa!

O Enzo arqueia as sobrancelhas.

– Sim?

– Vi-o entrar num prédio uma vez – recordo. – Estava com outra mulher. Uma loura. Pensei que fosse alguma mulher com quem andava a ter um caso, e talvez fosse. Mas... era um prédio de apartamentos. Ou ele ou a mulher vivem lá, ou...

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