Читаем Unknown полностью

– O que quer de mim? – pergunto-lhe.

Ela leva a mão ao bolso da sua gabardina e tira uma folha em branco. Em seguida, continua a vasculhar até encontrar uma caneta. Faz deslizar ambos os objetos sobre a mesa da cozinha na minha direção.

– Quero que escreva uma confissão – anuncia.

A bílis sobe-me à garganta e tenho de a empurrar de novo para baixo.

– O quê?

– Ouviu o que eu disse. – Os seus olhos refulgem. – Quero que escreva tudo o que fez. Como seduziu o Russell. Como os dois conspiraram para matar o seu marido. Quero uma confissão completa.

– Está bem... – Não quero fazer isto, mas vi o que fez ao Russell. A ideia de me cortar a garganta como fez a ele...

– Faça-o!

As minhas mãos não param de tremer enquanto escrevo a minha confissão na folha em branco, agora manchada por impressões digitais carmesim. Não sei ao certo o que quer que eu diga, por isso tento manter as coisas simples. Não estou demasiado preocupada, pois nada que eu escreva sob a ameaça de uma faca será válido em tribunal.

A quem possa interessar,

Ao longo dos últimos dez meses, mantive um caso amoroso com Russell Simonds. Juntos, matámos o meu marido, Douglas Garrick.

Estudo-lhe os traços faciais. O seu rosto nada revela.

– É isto que quer? – pergunto.

– Sim, mas ainda não terminou.

– O que mais quer que eu diga?

– Eis o que tem de escrever. – Com a sua longa unha, bate no papel. – Já não consigo viver com a culpa.

Rabisco a frase, que sai quase ilegível, tal é o tremor nas minhas mãos. Por um segundo, a página fica desfocada e nem sequer consigo continuar a escrever, mas depois recupera a nitidez.

Ror isso, esta noite – Continua –, decidi pôr termo às vidas de ambos.

Paro de escrever, deixando cair a caneta dos meus dedos dormentes.

– Marybeth...

– Escreva!

Ergue a faca, aproximando-a do meu rosto. Por um segundo, fecho os olhos, recordando a ferida aberta na garganta do Russell. Oh, meu Deus. Esta mulher está a falar a sério. Escrevo a última frase da minha confissão.

– Agora assine – ordena a Marybeth.

Assim faço. Não estou em posição de recusar.

Agarra na minha confissão assinada e lê-a, embora continuando a manter-me debaixo de olho.

– Ótimo – decreta.

Compreendo o que se deve seguir. A confissão termina comigo a dizer que vou pôr termo à minha própria vida. O que significa que, até ao fim da noite, ela vai matar-me. O pensamento causa-me violentas tonturas e, apesar de esta mulher me estar a ameaçar com uma faca, corro para o lava-loiça da cozinha para vomitar. Ela deixa-me ir.

Debruço-me sobre o lava-loiça, vomitando em seco mesmo após ter esvaziado o estômago. Manchei a bancada de vermelho com o meu vómito, devido ao pinot noir. A cadeira da cozinha range atrás de mim e, passado um segundo, a Marybeth está ao meu lado junto ao lava-loiça.

– Por favor, não faça isto – imploro-lhe.

Ela inclina a cabeça.

– Não foi o que fez ao Doug? Não acha que merece?

Foi diferente com o Douglas. Tratava-me tão horrivelmente que não tive opção. E, mesmo na morte, continua a atormentar-me com o seu testamento. Céus, como vou eu contestar aquele estúpido testamento? Mas preocupar-me-ei com isso quando sair daqui. Primeiro, tenho de afastar esta mulher do precipício.

– Toda a gente comete erros – digo. – Sinto-me terrivelmente com as coisas que fiz. E agora tenho de viver com elas.

– Isso não chega – responde-me.

Sinto um sufoco no peito, como se tivesse um espartilho a apertar-me.

– Não chega mandar-me para a prisão para o resto da vida?

– Não. Merece pior. É uma pessoa verdadeiramente desprezível. E merece morrer de forma dolorosa e horrível.

O espartilho aperta-se ainda mais.

– O que acha que vai acontecer, então? Acha que a polícia vai acreditar que eu me esfaqueei até à morte? As pessoas não fazem realmente isso. Saberão que foi alguém a fazer-mo.

Por um momento, a Marybeth fica em silêncio.

– Tem razão – admite, pensativa. – Se fosse esfaqueada, perceberiam que não foi um suicídio.

Oh, graças a Deus. Consegui finalmente que esta mulher ouvisse a razão.

– Exato.

– Por isso é que não é dessa forma que vai morrer.

Sinto outra vaga de tonturas que quase me faz cair por terra.

– O quê? Do que está a falar?

Terá outra arma aqui dentro? Uma pistola? Umas matracas? O que vai esta mulher fazer-me?

– Alguma vez ouviu falar num medicamento chamado digoxina? – pergunta.

Digoxina? Por que me é familiar?

E então lembro-me. O Douglas costumava tomar esse medicamento. Para o seu coração. E a Marybeth tem uma cópia das chaves da casa em Long Island onde ele guardava a sua medicação.

– A intoxicação por digoxina é extremamente grave – prossegue. – Primeiro, sentem-se náuseas, tonturas, cãibras abdominais terríveis e a visão desfocada. É excruciante. Mas a forma como mata é fazendo o coração entrar numa arritmia mortal.

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