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Agora, Struan estava completamente nu na mesa de operações. Mais além, ficavam os instrumentos cirúrgicos, pomadas e vidros. Babcott virou-se e pôs um avental comprido, impermeável. No mesmo instante, Tyrer viu à sua frente apenas um açougueiro. Seu estômago se contraiu, e conseguiu alcançar a bacia bem a tempo.

Babcott suspirou. Quantas centenas de vezes já não vomitei até não poder mais, e depois ainda mais um pouco? Mas preciso de ajuda e portanto esse garoto tem de crescer.

— Venha até aqui. Temos de trabalhar depressa.

— Não posso, simplesmente não posso...

O médico tratou de endurecer a voz:

— Venha até aqui logo e me ajude ou Struan vai morrer, e antes disso acabarei com você!

Tyrer cambaleou para o lado de Babcott.

— Não aqui, pelo amor de Deus! Fique do outro lado! Segure as mãos dele! Struan abriu os olhos por um instante, ao contato de Tyrer, e tornou a mergulhar em seu pesadelo, balbuciando de forma incoerente.

— Sou eu — murmurou Tyrer, sem saber o que mais dizer.

No outro lado da mesa, Babcott destampou o pequeno vidro sem rótulo e despejou um pouco do líquido amarelado e oleoso num grosso chumaço de linho.

— Segure-o firme — disse ele, e comprimiu o chumaço contra o nariz e a boca de Struan.

No mesmo instante, Struan sentiu que sufocava, agarrou o chumaço, quase o arrancou, com uma força surpreendente.

— Pelo amor de Deus, segure-o direito! — berrou Babcott.

Tyrer agarrou outra vez os pulsos de Struan, esquecendo o braço ferido, soltou um grito de dor, mas conseguiu persistir, os vapores do éter embrulhando seu estômago de novo. Struan debateu-se, virando a cabeça para um lado e outro, na tentativa de escapar, sentindo que era arrastado para o fundo de uma cloaca interminável. Pouco a pouco, sua resistência foi diminuindo, até cessar por completo.

— Excelente! — exclamou Babcott. — É espantoso como os pacientes às vezes são fortes.

Ele virou Struan de cabeça para baixo, ajeitando sua cabeça da maneira mais confortável possível, revelando a verdadeira extensão do ferimento, que começava nas costas, dava a volta pelo tórax, para terminar perto do umbigo.

— Fique atento, e me avise se ele se mexer... e quando eu mandar, aplique mais éter... — Mas Tyrer voltara para a bacia. — Depressa!

Babcott não esperou. Deixou as mãos fluírem, acostumado a operar em circunstâncias muito piores. A Criméia, com dezenas de milhares de soldados — cólera, disenteria, varíola principalmente — e depois todos os gritos, os uivos de noite e de dia, e depois a Dama do Lampião durante a noite, levando a ordem em meio ao caos dos hospitais militares. A enfermeira Nightingale que ordenara, persuadira, ameaçara, exigira, suplicara, mas conseguira de alguma forma implantar suas idéias novas, que limpava a sujeira, combatia a morte irremediável e inútil, e ainda encontrava tempo para visitar os doentes e necessitados durante a noite, o lampião a óleo ou de vela sempre erguido, iluminando sua passagem de um leito para outro.

— Não sei como ela conseguia — murmurou ele.

— Como, senhor?

Babcott levantou os olhos e deparou com Tyrer, muito pálido, a fitá-lo. Quase que o esquecera.

— Eu estava pensando na Dama do Lampião — respondeu ele, permitindo que sua boca falasse, para se acalmar... mas sem deixar que isso afetasse sua concentração nos músculos cortados e veias rompidas. — Florence Nightingale. Ela foi para a Criméia com apenas trinta e oito enfermeiras, e em quatro meses reduziu a taxa de óbitos de quarenta em cada cem para cerca de duas... em cada cem.

Tyrer conhecia a estatística, como todos os ingleses, que se orgulhavam por ela ter instituído a moderna profissão de enfermeira.

— Como ela era... pessoalmente?

— Terrível, se você não mantinha tudo limpo, como ela queria. Afora isso, era divina... da maneira mais cristã. Nasceu em Florença, Itália, daí o seu nome... embora fosse totalmente inglesa.

Tyrer podia sentir o entusiasmo do médico.

— Devia ser uma mulher maravilhosa. Conheceu-a bem?

Os olhos de Babcott não se desviavam do ferimento, nem de seus dedos experientes, que sondaram e encontraram, como receara, a parte cortada do intestino. Praguejou em voz alta, sem notar. Com todo cuidado, começou a procurar a outra extremidade. O mau cheiro aumentava.

— Você falava sobre os holandeses. Sabe por que alguns japoneses falam holandês?

Com um violento esforço, Tyrer afastou o olhar dos dedos dentro do ferimento e tentou fechar as narinas. Sentia o estômago se contorcer.

— Não, senhor.

Struan mexeu-se. Babcott ordenou no mesmo instante:

Dê-lhe mais éter... assim, não aperte demais... ótimo. Bom trabalho. Como se sente?

— Angustiado.

— Não importa. — Os dedos recomeçaram a sondar, quase além da vontade do médico, até que pararam de repente. Gentilmente, expuseram a outra parte do estmo cortado. — Lave as mãos, e depois me dê a agulha que já está com o fio... em cima da mesa.

Tyrer obedeceu.

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