Yoshi estava alerta, era bem treinado, notou o lapso e registrou-o para uso futuro, satisfeito por tê-lo percebido em seu inimigo.
— Eles não farão, pelo menos ainda não. Vão adiar, esbravejar, lamentar, e nunca nos ajudarão a acabar com
— Se não agora, quando?
A fúria de Anjo se dissipara, diluída pelo medo e a aversão a terremotos. Testemunhara um dos piores quando era pequeno, o pai se transformara numa tocha viva, a mãe e dois irmãos viraram carvão diante de seus olhos. Desde então, mesmo ao menor terremoto, revivia aquele dia, sentia o cheiro da carne queimando, ouvia os gritos.
— Temos de humilhar aquele cão, mais cedo ou mais tarde. Por que não agora?
— Porque temos de esperar até ficarmos melhor armados. Eles...
— Vendidos pelos
— Comprados por eles por causa de fraquezas anteriores. Anjo ficou vermelho.
— Não sou responsável por isso!
— Nem eu! — Os dedos de Yoshi se contraíram no cabo da espada. Aqueles feudos são mais bem armados do que nós, qualquer que seja o motivo. Assim, por mais lamentável que seja, temos de esperar. O fruto de
Yoshi fez uma pausa, e a voz saiu mais incisiva quando acrescentou:
— Mas concordo que em breve teremos de fazer um acerto de contas.
— Amanhã pedirei ao Conselho para emitir a ordem.
— Pelo bem do xogunato, seu e de todos os clãs de Toranaga, espero que os outros me escutem!
— Veremos o que acontece amanhã... a cabeça de Sanjiro deve ser espetada na ponta de um chuço e exibida como um exemplo para todos os traidores.
— Concordo que Sanjiro deve ter ordenado a morte na
Oito meses antes, em janeiro, o xogunato enviara a primeira delegação oficial do Japão, num navio a vapor, para a América e Europa, com ordens secretas para renegociar os tratados — o
— Suas ordens eram expressas — acrescentou Yoshi. — A esta altura, os tratados já devem ter sido revogados.
Anjo declarou, num tom sinistro:
— Ou seja, se não a guerra, você pelo menos concorda que chegou o momento de despachar Sanjiro.
O homem mais jovem era cauteloso demais para concordar abertamente, e se perguntou o que Anjo pensava em fazer ou já planejara. Ele ajeitou as espadas de uma maneira mais confortável e fingiu considerar a questão, descobrindo que muito lhe agradava a sua nova função. Mais uma vez, estou no centro do poder. É verdade que Sanjiro me ajudou a chegar aqui, mas apenas por causa de seus infames propósitos: queria me destruir, apontando-me publicamente como o responsável por todos os problemas que esses malditos
Mas nada importa. Estou a par do que ele e seu cão sarnento, Katsumata, planejam, quais são suas verdadeiras intenções contra nós, as de Tosa e Choshu. Ele não terá êxito, juro por meus ancestrais.
— Como pretende eliminar Sanjiro?
A expressão de Anjo se tornou sombria, ao recordar sua última e violenta discussão com o
Anjo — dissera Sanjiro, autoritário — obedeça às ordens do imperador. — Convoque imediatamente uma reunião de todos os
— Devo lembrá-lo de que é direito exclusivo do xogunato determinar a política externa, qualquer política, não do imperador, muito menos sua! — Ponderara Anjo, odiando Sanjiro por sua linhagem, suas legiões, suas riquezas, boa saúde abundante e óbvia. — Ambos sabemos que você o enganou. As sugestões são ridículas e inviáveis. Temos mantido a paz por dois séculos e meio...
— pelo engrandecimento de Toranaga. Se se recusa a obedecer a seu legítimo suserano, o imperador, então deve renunciar ou cometer