— Tudo me parece tão vago e confuso, a
— Era, sim, mas não perigosa. O sono é a melhor cura, e tem de ser do melhor tipo, um sono profundo. Não resta a menor dúvida de que você dormiu bem, pois já são quase quatro horas da tarde. Como se sente?
— Ainda um pouco cansada. — Outra vez o sorriso hesitante. — Como está
— Não houve qualquer mudança. Eu ia vê-lo agora. Pode me acompanhar, se quiser. Ele está indo bem, considerando tudo. Ah, antes que eu me esqueça, pegaram aquele sujeito.
— Que sujeito?
— Aquele sobre o qual lhe falamos ontem à noite, o intruso.
— Não me lembro de nada sobre a noite.
Babcott relatou o que acontecera na porta do quarto e no jardim, como um assaltante fora morto a tiros, e o outro avistado naquela manhã, mas conseguira escapar. Angelique precisou de toda a sua força de vontade para se manter impassível, e não gritar em voz alta o que pensava: Seu filho de Satã, com suas poções para dormir e sua incompetência! Dois assaltantes? O outro deve ter ido ao meu quarto, enquanto você fracassava na tentativa de descobri-lo, se mostrava incapaz de me salvar... você e aquele outro idiota, Marlowe, igualmente culpado!
Mãe Abençoada, dê-me forças, ajude a me vingar dos dois. E também dele, quem quer que seja. Mãe de Deus, permita que eu seja vingada. Mas por que roubar meu crucifixo e deixar as outras jóias; e por que os caracteres, o que significam? E por que em sangue, o sangue dele?
Ela percebeu que Babcott a fitava fixamente.
—
— Perguntei se gostaria de visitar o Sr. Struan agora.
— Hum... claro, claro. Eu agradeço. — Angelique levantou-se, mais uma vez sob controle. — Infelizmente, derramei água nos lençóis... poderia pedir à criada para lavá-los, por favor?
Ele riu.
— Não temos criadas aqui. É contra os regulamentos dos japoneses. Só temos empregados chineses. Não se preocupe. No momento em que saiu do quarto, eles começaram a arrumar... — Babcott parou, vendo-a empalidecer. — O que aconteceu?
Por um instante, a cautela a abandonou, e ela se viu de volta ao quarto, lavando e esfregando, apavorada porque as manchas não saíam. Ao final, porém, conseguira removê-las, e se lembrava de que verificara e tornara a verificar, e assim o segredo estava seguro — nada restara para revelá-lo, nem umidade, nem sangue seu segredo seguro para sempre, enquanto fosse forte, e se ativesse ao plano, tinha de se ater, e precisava também ser esperta, não havia outro jeito.
Babcott ficou chocado com a súbita palidez, os dedos de Angelique retorcendo um pedaço da saia. Foi para o seu lado no mesmo instante, segurou-a pelos ombros, com extrema gentileza.
— Não se preocupe mais. Está sã e salva agora, nada mais tem a temer.
— Desculpe — murmurou ela, a cabeça encostada no peito do médico, descobrindo que as lágrimas escorriam. — É que eu estava... me lembrando do pobre Canterbury.
Angelique observou a si mesma, como se estivesse fora de seu corpo, deixou que Babcott a confortasse, absolutamente convenci da de que seu plano era o único viável, o único sensato: nada acontecera. Nada, nada, nada.
Vai acreditar nisso até a próxima regra. E depois, se chegar, vai acreditar para sempre.
E se não chegar?
Não sei, não sei, não sei.
7
Segunda-feira, 15 de setembro:
— O
s gai-jin são vermes sem bons modos — declarou Nori Anjo, tremendo de raiva. Era o chefe doCom uma impaciência que mal conseguia disfarçar, ele entregou o pergaminho a seu adversário muito mais jovem, Toranaga Yoshi, sentado à sua frente. Estavam a sós numa das salas de audiências no alto da torre central do castelo de Iedo, após ordenarem que todos os guardas se retirassem. Uma mesa baixa, laqueada de vermelho, os separava, com uma bandeja de chá preta em cima, contendo xícaras e bule de porcelana.
— Não importa o que os
Ele era o