— Não, não depois de hoje — murmurou Vargas, sombrio. — Ela é do tamanho certo para ele, é tempo de Jami casar, e seria ótimo ter crianças por aqui.
Vargas sentia saudade dos próprios filhos, seis, que deixara com as duas esposas em Macau, até que tivesse condições de possuir sua própria casa aqui.
— O que acha de
— Se ele conseguir, será em seu próprio benefício, não dela. Mas o que eu gostaria de saber é outra coisa: o que há naqueles papéis?
— Que papéis?
— Os que Lun viu quando
— O que Nariz Comprido mandou para
Chen deu de ombro
— Encrenca para
— Isso é apenas um rumor.
Chen não disse nada, mantendo o segredo, como Chen da Casa Nobre lhe ordenara, depois da morte de Malcolm.
— Não importa o que venha a acontecer, Tess
— É mesmo? O que você soube?
Chen revirou os olhos.
— Tess
— Pensei que Xangai Albert seria o
— Nunca. Ela vai triturá-lo em poeira também... Velho Demônio de Olhos Verdes forçou a entrada dele e do irmão na Casa Nobre. O rumor é de que Tess
— A esposa do mestre do porto Glessing? Mary Sinclair? Nunca!
— Pode ser verdade. Ela fez Glessing de uma perna só usar o chapéu verde uma dúzia de vezes.
— Transformou-o num corno? Isso é outra lenda.
Vargas tratou de resguardar a reputação da mulher, como todos os seus ex-amantes. Agora ela estava na casa dos quarenta anos, gasta, mas ainda tão faminta quanto antes, refletiu ele, o oposto de Tess Struan, que abomina a fornicação, e empurrou o marido Culum à bebida e outras mulheres.
— Tess
— É verdade. Neste caso, estaríamos fortes, com muito mais filhos para continuar, e não fracos, fugindo do demônio de um olho só Brock. — Uma pausa, e Chen acrescentou, ominoso: — Chen da Casa Nobre está preocupado.
— Muito triste que filho número um Malcolm tenha morrido do jeito que morreu.
— Os deuses tinham saído naquele dia — comentou Chen, do alto de sua sabedoria. — Escute, você que se curva ao deus dos demõnios estrangeiros, ele lhe disse alguma vez por que os deuses passam mais tempo ausentes do que velando por nossos assuntos?
— Deuses são deuses, só falam entre si... olhe, o
Maureen disse:
— O
Boa viagem, pensou Angelique, contraindo os olhos contra o vento suave, o navio apenas uma forma indistinta.
— E lá está o cúter.
— Onde? Puxa, como os seus olhos são aguçados! Mal consigo ver. — Angelique deu um aperto cordial no braço de Maureen. — Tenho certeza que você e Jamie vão...
Ela viu a cor se esvair do rosto da outra e acrescentou:
— Não se preocupe, Maureen. Tudo vai acabar dando certo. Tenho certeza.
— Acho que não posso encará-lo agora — murmurou Maureen.
— Neste caso... é melhor ir embora. Direi que você estava com dor de cabeça e o verá amanhã. Assim, terá tempo para pensar. Será melhor deixar o encontro para amanhã.
— Esta noite, amanhã, não faz diferença, já tomei minha decisão — respondeu Maureen.
As duas ficaram observando as luzes do cúter, que eram cada vez mais visíveis. Não demorou muito para que pudessem divisar o vulto alto de Jamie na cabine iluminada. Ele estava sozinho.
— Boa noite, Maureen — disse Angelique. — Eu a verei amanhã.
— Não, por favor, fique. Não serei capaz de fazer isso sozinha. Por favor, fique.
O cúter se encontrava agora a apenas cinquenta metros do cais. Elas viram Jamie se inclinar pela janela da cabine e acenar. Maureen não respondeu à saudação. Por trás delas, os lampiões estavam acesos ao longo do passeio, nas casas e armazéns intactos. Homens cantavam em algum lugar. Vervene tocava flauta na legação francesa. Os olhos de Maureen fixavam-se no homem que se aproximava do cais. Ele tornou a acenar, saiu para o convés.