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Os desgraçados, pensou Canterbury, odiando-os, mas adorando a fortuna que estava ganhando ali... e seu estilo de vida, que girava em torno de Akiko, sua amante há um ano. Ah, amor, você é a melhor, a mais especial, a mais carinhosa, em toda Yoshiwara.

— Olhem ali! — exclamou Angelique.

Na Tokaidô, grupos de viajantes haviam parado, apontavam para eles, espantados, falavam em voz alta, acima do rumor permanente de movimento — e havia ódio em muitos rostos, medo também.

— Não lhes dê atenção, senhorita. Somos apenas estranhos para eles, isso é tudo, não sabem de nada. É bem provável que seja a primeira mulher civilizada que já viram. — Canterbury apontou para o norte. — Iedo fica nessa direção, a cerca de trinta quilômetros. Claro que é uma cidade proibida para nós.

— Exceto para as delegações oficiais — ressaltou Tyrer.

— É verdade, mas só com permissão, o que Sir William não obteve uma única vez, pelo menos desde que cheguei aqui, e fui um dos primeiros. Os rumores são de que Iedo é duas vezes maior do que Londres, senhorita, de que mais de um milhão de almas habitam ali, possui uma riqueza fantástica, e o castelo do xógum é o maior do mundo.

— Não poderia ser tudo mentira, Sr. Canterbury? — perguntou Tyrer.

O mercador sorriu.

— Eles são tremendos mentirosos, essa é a pura verdade de Deus, Sr. Tyrer, os melhores mentirosos que já existiram, fazem até com que os chineses pareçam, em comparação, com o arcanjo Gabriel. Não o invejo por ter de interpretar o que eles dizem, que nunca é, tão certo quanto Deus criou a pervinca, o que de fato estão pensando!

Normalmente, ele não era tão loquaz, mas estava determinado a impressionar Angelique e Malcolm Struan com seus conhecimentos, enquanto tinha a oportunidade. Toda aquela conversa o deixara com uma tremenda sede. Levava no bolso do lado um frasco fino de prata, mas refletiu, pesaroso, que seria uma demonstração de maus modos tomar um trago de uísque na presença da moça.

— Poderíamos obter permissão para ir até lá, Malcolm? — indagou ela. — Para visitar essa tal de Iedo?

— Duvido muito. Por que não pergunta a monsieur Seratar’?

— É o que farei. — Angelique notou que ele pronunciara o nome da forma correta, omitindo o “d”, como lhe ensinara. Isso é ótimo, pensou ela, tornando a desviar os olhos para a Tokaidô. — Onde termina a estrada?

Depois de uma pausa insólita, Canterbury respondeu:

— Não sabemos. O país inteiro é um mistério, não resta a menor dúvida de que os japoneses querem mantê-lo assim, e que não gostam de nós, de nenhum de nós. Chamam-nos de gai-jin, estrangeiros. Outra palavra é i-jin, que significa “pessoa diferente”. Não sei qual é a diferença, exceto que chamar alguém de gai-jin não é muito polido. — Ele soltou uma risada. — Seja como for, não gostam de nós. E somos diferentes... ou eles são.

Canterbury acendeu um charuto, antes de continuar:

— Afinal, mantiveram o Japão completamente fechado por quase dois séculos e meio, até que o Velho Perry os obrigou a se abrirem, há nove anos. — O tom era de admiração. — Os rumores são de que a Tokaidô termina numa grande cidade, uma espécie de cidade sagrada, chamada Quioto, onde vive seu sumo sacerdote... conhecido como micado. Pelo que estamos informados, a cidade é tão sagrada que só não é proibida para uns poucos japoneses especiais.

— Os diplomatas podem viajar para o interior — interveio Tyrer, em tom incisivo. — O tratado permite, Sr. Canterbury.

O mercador tirou o chapéu de pele de castor, do qual sentia o maior orgulho, enxugou a testa e decidiu que não permitiria que o jovem estragasse sua alegria. Um garoto petulante, com uma voz irritante, pensou ele, eu poderia parti-lo ao meio sem nem mesmo peidar.

— Depende da maneira como se interpreta o tratado e se deseja manter a cabeça nos ombros. Eu não o aconselharia a deixar a área de segurança combinada, que se estende por uns poucos quilômetros para o norte, o sul e o interior, independente do que diz o tratado... ainda não, ou pelo menos sem a proteção de um ou dois regimentos. — Apesar de sua determinação, Canterbury sentia-se fascinado pela curva dos amplos seios da moça, delineados pela blusa justa. — Estamos encurralados aqui, mas não é tão ruim assim. O mesmo acontece com nossa colônia em Nagasáqui, duzentas léguas a oeste.

— Léguas? Não compreendo — disse Angelique, disfarçando sua diversão e prazer pelo desejo que a cercava. — Pode explicar, por favor?

Foi Tyrer quem respondeu, com um ar de importância:

— Uma légua tem cerca de cinco quilômetros, mademoiselle. — Ele era alto e esguio, não fazia muito tempo que saíra da universidade, e se descobria apaixonado pelos olhos azuis e a elegância parisiense de Angelique. — Hum... o que era mesmo que estava dizendo, Sr. Canterbury?

O mercador desviou sua atenção do busto da moça.

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