— Talvez eu queira tomar alguns reféns. Boa noite.
Sir William saiu, fechou a porta. Os dois homens ficaram olhando para a porta.
— Ele fala sério?
— Não sei, Thomas. Mas com o honorável impetuoso William sanguinário Aylesbury, nunca se sabe.
Na mais profunda escuridão, outro destacamento de samurai
Sir William subia do cais, com sua guarda, um oficial e dez Highlanders, através das ruas desertas. Sentia-se deprimido e cansado, pensando no dia seguinte, tentando conceber uma maneira de sair do impasse. Outra esquina, mais outra. Ao final daquela rua, ficava o espaço aberto que se tinha de atravessar para alcançar a legação.
— Santo Deus, senhor, olhe ali!
O espaço se encontrava apinhado de samurai
— Essa não! — murmurou o jovem oficial.
— É mesmo uma situação difícil.
Sir William suspirou. Aquela podia ser uma solução, mas que Deus tivesse piedade deles. Se fossem atacados, a esquadra reagiria.
— Vamos seguir em frente. Mande seus homens se prepararem para a luta, se for necessário. Soltem as travas de segurança.
Ele foi à frente, não se sentindo bravo, mas apenas com a sensação de que a alma saíra de seu corpo, observava a si mesmo e aos outros como se estivesse num ponto mais adiante da rua. Havia uma passagem estreita entre os samurai
E foram subindo pela ladeira. O mesmo silêncio, a mesma vigilância. Até o portão. Uma vasta concentração de samurai
Tyrer e os outros esperavam no vestíbulo, alguns em trajes de dormir, alguns parcialmente vestidos, e se agruparam em torno de Sir William.
— Por Deus, Sir William — disse Tyrer, em nome de todos os outros — ficamos apavorados com a idéia de que poderiam tê-lo capturado.
— Há quanto tempo eles estão aqui?
— Chegaram por volta de meia-noite, senhor — informou um oficial. — Tínhamos sentinelas lá embaixo. Quando eles se aproximaram, os rapazes nos deram o aviso e recuaram. Não tínhamos como alertá-lo ou transmitir qualquer sinal para a esquadra. Se eles esperarem até o amanhecer poderemos resistir até recebermos reforços e a esquadra iniciar o bombardeio.
— Ótimo — disse Sir William, calmamente. — Neste caso, sugiro que todos devemos nos recolher, deixando uns poucos homens de guarda. Os outros podem ir dormir.
— Como, senhor? — murmurou o oficial, perplexo.
— Se eles quisessem nos atacar, já o teriam feito, sem o tratamento silencioso e o exibicionismo. — Sir William percebeu que todos o fitavam, aturdidos, e sentiu-se um pouco melhor, não mais tão deprimido. Encaminhou-se para a escada. — Boa noite.
— Mas, senhor, não acha...
A frase não foi concluída. Sir William suspirou, cansado.
— Se deseja manter seus homens acordados, faça-o, por favor... se isso o deixa mais feliz.
Um sargento entrou apressado no vestíbulo e avisou:
— Senhor, eles estão indo embora! Os japoneses começaram a se retirar! Olhando pela janela do patamar, Sir William constatou que os samurai
Pela primeira vez, ele teve medo. Não esperava que sumissem assim. Em poucos momentos, a ladeira ficou deserta, o espaço lá embaixo vazio. Mas ele teve o pressentimento de que não haviam ido muito longe, que cada vão de porta e rua transversal se achavam apinhados de inimigos, esperando para desfechar o ataque.
Graças a Deus que os outros ministros e a maioria dos nossos homens se encontram a bordo dos navios, sãos e salvos. Graças a Deus, pensou Sir William, continuou a subir a escada, em passos bastante firmes, para encorajar os homens que o observavam.
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Quinta-feira, 18 de setembro: