— Mas... sim, lorde.
Yoshi recostou-se nas almofadas de seda e concentrou seus pensamentos na reunião do dia anterior. Ao final, Anjo tivera de retirar a ordem de evacuar o castelo, pois sem o apoio da maioria a determinação não seria válida... e ele, como o guardião formal, proibira a partida do xógum.
Ganhei desta vez, mas apenas porque aquele velho tolo e teimoso do Anjo insistiu em votar por seu insano plano de ataque, não ficando do meu lado, mas contra mim. Anjo está certo: os outros dois normalmente votam com ele, contra mim. Não pelo mérito, mas porque sou quem sou, o Toranaga que deveria ser o xógum, em vez daquele garoto idiota.
Como se encontrava seguro em seu palanquim, sozinho, a não ser por Misamoto, que não podia saber de seus pensamentos mais profundos, Yoshi permitiu que a mente abrisse o compartimento com a marca de Nobusada, tão secreto, instável, perigoso e permanente.
O que fazer com ele?
Não posso me conter por muito mais tempo. Ele é infantil e agora se tornou uma presa nas mais perigosas de todas as garras, a princesa Yazu, espia do imperador e inimiga fanática do xogunato, que rompeu seu compromisso com o adorado companheiro de infância, um belo e aceitável príncipe, o xogunato que a obrigou ao exílio permanente de Quioto, de toda a sua família e amigos, impondo um casamento com um fraco, cuja ereção é tão inerte quanto uma bandeira na calmaria do verão, e talvez nunca lhe dê filhos.
Agora ela planejou essa visita oficial a Quioto para demonstrar submissão ao imperador, um golpe de mestre que destruirá o equilíbrio de séculos: A autoridade para controlar todo o império é concedida por édito imperial ao xógum e seus descendentes, que é também designado o condestável imperial. Assim, as ordens emitidas pelo xógum para o país são as suas leis.
Uma consulta deve levar a outra, pensou Yoshi, e depois o imperador reina, e nós perdemos o poder. Nobusada jamais compreenderá, os olhos enevoados pela astúcia da mulher.
O que fazer?
Mais uma vez, Yoshi se embrenhou pela trilha que tanto conhecia, mas sobre a qual mantinha sigilo absoluto. Ele é meu suserano legal. Não posso matá-lo diretamente. Está muito bem protegido, a menos que eu me sinta disposto a renunciar à minha vida ao cometer o ato, o que não acontece no momento. Outros meios? Veneno. Mas neste caso eu seria suspeito, com toda razão, e mesmo que pudesse escapar aos grilhões que me cercam — sou tão cativo quanto Misamoto, o país seria mergulhado numa interminável guerra civil, só os
Tenho de deixar que outros o matem por mim. Os
Yoshi permitiu-se um sorriso. Sorte e azar, escrevera o xógum Toranaga, aventura e desventura, tais coisas cabem ao céu e às leis naturais; não podem ser alcançadas por orações ou obtidas por qualquer astúcia.
Seja paciente, ele ouviu Toranaga lhe dizer. Seja paciente
Eu serei.
Yoshi fechou esse compartimento, até a próxima vez, e tomou a pensar no conselho. O que lhes direi? Com toda certeza, a esta altura eles já sabem que me encontrei com os
Devo lhes dizer que esses inimigos são tolos, que não têm a menor sutileza e podem ser dominados através de sua impaciência e ódios... Misamoto não me contou o suficiente para concluir que eles são tão rebeldes e irascíveis quanto qualquer
O que poderia ser?
— Aquele mensageiro, Misamoto — disse Yoshi, descontraído —, o homem alto, de nariz grande. Por que ele falou como uma mulher, usando palavras de mulher? Era meio homem, meio mulher?
— Não sei, Sire. Talvez ele fosse. Há muitos abordo de um navio, Sire, embora eles escondam.
— Por quê?