Senti passar um vento misterioso,Num torvelinho cósmico e profundo.E me levou nos braços; e ansiosoEu fui; e vi o Espírito do Mundo.Todas as cousas ermas, que irradiamComo um nocturno olhar inconsciente,Luz de lágrima extinta, não sentiamA trágica rajada, que somenteMeu coração crispava! Ó vento aéreo!Vento de Exaltação e Profecia!Vento que sopra, em ondas de mistério,E tanto me perturba e extasia!Estranho vento, em fúria, sem tocarNa mais tenrinha flor! E assim agitaTodo o meu ser, em chamas, a exalarLuz de Deus, luz de amor, luz infinita!Vento que só encontras resistênciaNuma invisível sombra… Um arvoredo,Ou bruta pedra, écomo vaga essêcia;E, para ti, eu sou como um penedo.E na minha alma aflita, ódoido vento,Bates, de noite; e um burburinho forteA envolve, arrasta e leva, num momento;E vai de vida em vida e morte em morte.